Enquanto o cessar-fogo se mantinha durante a noite, os palestinos enfrentavam a dimensão da destruição provocada pelos bombardeios israelenses ao longo de dois anos de guerra.

As autoridades de Gaza afirmam que foram efetuadas mais de 5000 operações públicas desde a entrada em vigor do cessar-fogo. Estas incluem esforços para restaurar as infraestruturas de água e de esgotos, operações médicas e missões de socorro.

Acrescentam ainda que se fizeram cerca de 700 missões humanitárias para distribuir alimentos à população deslocada de Gaza.

O Programa Alimentar Mundial afirmou estar pronto para restabelecer 145 pontos de distribuição de alimentos na faixa atingida pela fome, assim que Israel autorizar o aumento das entregas. Antes de Israel ter isolado Gaza em março, as agências da ONU forneciam alimentos em 400 pontos de distribuição.

As Nações Unidas declararam ter recebido luz verde de Israel para aumentar a distribuição de ajuda a partir de domingo.

Entretanto, centenas de milhares de palestinos deslocados continuam a percorrer as ruas cobertas de poeira para regressar às suas casas no Norte. Segundo a agência de defesa civil de Gaza, 300.000 pessoas chegaram à cidade de Gaza desde o início da trégua.

“Quando as pessoas chegarem lá, vão encontrar escombros. Vão descobrir que as suas casas e os seus bairros foram reduzidos a pó”, diz a porta-voz da UNICEF, Tess Ingram, a partir do centro de Gaza: “O cessar-fogo, por si só, não é suficiente”, acrescenta Ingram, apelando a um “aumento da ajuda humanitária que comece a resolver os tremendos danos causados nos últimos dois anos”.

Espera-se que o número de mortos em Gaza continue a aumentar à medida que forem encontrados mais corpos que não puderam ser retirados durante a ofensiva de Israel.

Um diretor do Hospital Shifa, no norte de Gaza, disse que 45 corpos retirados dos escombros na Cidade de Gaza tinham chegado nas últimas 24 horas. O quadro hospitalar, que falou sob condição de anonimato por razões de segurança, disse que os corpos estavam desaparecidos há vários dias ou duas semanas.

Segundo as autoridades dos EUA, 200 soldados estão no terreno para criar um centro de coordenação destinado a facilitar o fluxo de ajuda humanitária, bem como a assistência logística e de segurança.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, deverá deslocar-se ao Oriente Médio para participar na cerimônia de assinatura do acordo de paz em Gaza, no Egito, que poderá marcar o fim da sangrenta guerra entre Israel e o Hamas, que dura há dois anos.