O sucesso do caos
Essa é a única definição possível para o espetáculo de horror que se abateu sobre o Rio de Janeiro, orquestrado por um governo que perdeu completamente a sua direção.
Este governador é completamente transviado, guiando não por um compromisso com a vida e a ordem, mas por um desvio moral que o afasta do povo que jurou proteger.
Vivemos a maior tragédia sem resultados para a população.
O saldo são vidas ceifadas sem direito de um julgamento justo e completo, uma cidade em luto e a mesma violência estrutural intocada.
Nada foi resolvido, nada foi melhorado para o cidadão comum que só deseja paz e dignidade.
Está tão claro quanto a luz do dia que ele está tão desprestigiado que lança mão de uma operação caótica com objetivos não de segurança, mas políticos. É um ato desesperado de um homem público falido, tentando se reerguer sobre um palanque de cadáveres, acreditando que o sangue derramado nas favelas pode lavar sua imagem desgastada e o levar a ganhar as próximas eleições.
Não há mais como negar a verdade crua: Cláudio Castro é ideólogo da morte e do desprezo ao povo carioca. Sua doutrina é a da bala, seu projeto de poder é construído sobre o luto alheio e seu desdém pela população negra e pobre é a base de sua governança.
E o resultado dessa ideologia fatal está à vista de todos. Um dia após a megaoperação, o Rio está silencioso, fechado em casa, improdutivo e triste.
O medo não foi derrotado. A cidade paralisada é o resultado de uma política que só sabe gerar pânico e destruição.
Esta é a engrenagem perversa que sustenta certos políticos. O caos é alimento ao fascismo. É histórico. Sempre foi.
É da desordem e do terror que brotam os discursos autoritários, que se justificam as medidas de exceção e que se consolida um projeto de poder baseado na opressão.
E vale lembrar: a maior apreensão de fuzis no Rio de Janeiro não foram os 93 apreendidos na operação de ontem, mas sim os 117 fuzis apreendidos no depósito da casa do vizinho e amigo de Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra.
Os verdadeiros cabeças do crime, que operam com poder e influência, continuam intocáveis, sob as luzes de Ipanema e do Leblon das mansões luxuosas da Barra da Tijuca.
Francisco Celso Calmon
