Voto de má fé
Há no direito o instituto da litigância de má fé.
Haveria o voto de má fé? Eu sei, você sabe, as pedras do calçadão de Copacabana sabem, e Luiz Fux também, que o Brasil está sob ataque de governo estrangeiro, auxiliado por Bolsonaros.
O alvo da vez é a economia, estúpido, mas o meio é o Supremo Tribunal Federal, o julgamento do golpe de 2022, com foco na eleição de 2026 e na reconquista do quintal.
Como um membro do STF entrega sua corporação, e por tabela, seu país, à sanha dos fascistas viralatas nem tanto de ocasião, agarrados nas sanções do algoz estrangeiro?Seus colegas, dizem alguns jornalistas, estão perplexos e consternados.
Foram mais de 12 horas de sedimentação sofrível, de fragmentação da trama em episódios isolados, esforço desmesurado, submetendo os colegas e a sociedade brasileira a uma audiência descabida.
Já se esperava um voto in Fux we Trust, interlocutor de juízes amaziados com acusadores, explicitamente para interferir em eleição e tomar o poder. Mas a mesma decisão poderia ter saído em 3 horas.
A exaustão a que submete todo o país é de caso pensado, pensadíssimo. Quis os holofotes, incendiou os fascistas, animou o governo estrangeiro, agravou sobremaneira o risco de vida de colegas de corte e seus familiares, fazendo eco à elevação de ameaças saídas em vídeo, no dia imediatamente anterior.
Isso tudo, para ser voto vencido???Terá sido por consciência jurídica What??
Na questão da competência, teima em recolocar indevidamente tema vencido no próprio STF sobre o próprio inquérito em tela; vira garantista de ocasião contra seu próprio histórico punitivista – acabou de negar hábeas corpus no caso de um furto de desodorante -; e, contra seus votos no mesmo inquérito – condenou os pequenos – absolve os capos.
O réu confesso, colaborador, Mauro Cid e o Braga Neto foram jogados fora. Segundo o magistrado, há crime: a turba merece condenação; os intermediários também, mas não há mandante.
Num dos intervalos, consta que o atual e o futuro presidentes do STF foram se reunir com os membros da turma. Mandantes inexistentes, procedimento ilegal, condene-se o STF, e as vidas em jogo que se virem.
Eu sei, os demais ministros sabem, ele sabe.
Terá sido um voto de má fé? Quem devia julgar o golpe, é parte interessada? Interessada em quê?
Gisele Araújo – Socióloga