Expansão militar dos EUA no Caribe: Venezuela recorre ao Conselho de Segurança da ONU
Somos todos latino-americanos, atacou um mexeu com todos. A nenhum país é dado o direito de intervenção a outro, o respeito à soberania e autodeterminação dos povos são regras universais. Fora imperialismo estadunidense! Francisco Celso Calmon
O suposto combate ao narcotráfico na Venezuela pelo governo dos EUA pode passar de ataques em águas internacionais para ataques aéreos, mesmo sem declaração oficial de guerra, segundo declaração do presidente norte-americano Donald Trump.
As palavras de Trump parecem inaugurar uma nova fase na mobilização militar dos EUA no Caribe, no que Washington insiste em ser uma missão de combate ao narcotráfico, mas que a Venezuela vê como uma tentativa de mudança de regime.
Nos últimos anos, os Estados Unidos lançaram bombardeios terrestres contra vários países do Oriente Médio sem declarar guerra. Trump foi responsável por alguns dos ataques mais significativos, embora não todos, visto que também ocorreram sob o governo Biden, o que dá uma ideia do que tal escalada poderia significar.
Muitos desses ataques foram realizados com armas semelhantes às atualmente empregadas pelos Estados Unidos no Caribe e em situações de tensão política semelhante.
Diante disso a Venezuela pediu, na última quinta-feira, 9, uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU em meio à mobilização militar dos Estados Unidos no Caribe. O comunicado da chancelaria adverte que as ações dos Estados Unidos nas últimas semanas, que incluem contratorpedeiros de mísseis, aviões de combate, tropas de elite e um submarino nuclear perto da costa venezuelana, colocam em claro perigo a zona de paz na América Latina e Caribe.
O pedido de Caracas é apoiado por China e Rússia, aliados do governo de Nicolás Maduro e membros permanentes do Conselho, informou uma fonte diplomática à AFP.
Na reunião realizada na sexta-feira, 10, Samuel Moncada, representante permanente da Venezuela na ONU, disse que seu país exige que o governo dos Estados Unidos cumpra com suas obrigações internacionais. Acrescentou que há maneiras de superar as diferenças entre os dois países e que a Venezuela está disposta a dialogar com o objetivo de superar quaisquer dificuldades por meios políticos e diplomáticos para preservar a região como uma zona de paz.
Moncada reiteirou ainda que: “A Venezuela não cede a chantagens. A nossa disposição para o diálogo não deve ser confundida com subordinação. Já fomos o túmulo de um império e, se formos atacados, defender-nos-emos com todas as ferramentas que temos. A Venezuela é nossa, não é dos EUA”, disse na sexta-feira o embaixador permanente da Venezuela na ONU.
Durante a reunião, Samuel Moncada propôs três ações concretas para travar a ameaça, sendo a primeira “o reconhecimento formal da ameaça à paz e à segurança internacionais
“Que se determine oficialmente que a escalada militar dos EUA nas Caraíbas representa um perigo para a estabilidade regional”, disse.
A segunda, explicou, seriam “medidas preventivas imediatas (…) para evitar que a situação se agrave no terreno, incluindo a cessação de manobras militares e atos hostis”.
Por fim, sugeriu uma “resolução vinculativa para proteger a soberania venezuelana”. “Que o Conselho de Segurança aprove uma resolução na qual todos os seus membros, incluindo os Estados Unidos, se comprometam a respeitar a soberania, a independência e a integridade territorial da Venezuela”, explicou.
Segundo declaração do secretário-geral-assistente das Nações Unidas para Assuntos Políticos, Miroslav Jenca, a presença militar de agentes norte-americanos em águas internacionais para reprimir “que carregamentos de drogas da Venezuela entrem nos Estados Unidos” têm aumentado a tensão entre ambos os países. A ONU pediu a ambos os lados que reduzam as tensões e busquem o diálogo. E disse que está pronta para ajudar.