Governo exonera nomes indicados pelo Centrão após derrota do IOF
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu na sexta-feira, 10, indicados políticos de parlamentares que votaram contra a Medida Provisória (MP) do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na última quarta-feira, 8, na Câmara dos Deputados.
Cinco superintendentes regionais de ministérios ligados ao MDB e PSD foram exonerados. Um integrante do Planalto diz que os aliados foram alertados de que essa votação era decisiva, e que aqueles que se posicionassem contra a medida provisória fariam a opção de sair do governo.
Dentre as exonerações, estão nomes ligados ao PP, do senador Ciro Nogueira, na Caixa Econômica Federal, e do PSD, de Gilberto Kassab, no Ministério da Agricultura. Governistas identificaram articulações dos dois caciques do Centrão para angariar votos contra a MP. Kassab teria prometido 35 votos contrários à MP. Ele tem três ministérios no governo Lula.
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) também foi acusado de sabotar a votação, além do presidente do União Brasil, Antônio Rueda.
José Trabulo Júnior, que já havia sido indicado por Ciro Nogueira para outros cargos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixou o cargo de consultor da presidência da Caixa.
Houve também mudança na vice-presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital do banco. Paulo Rodrigo de Lemos, indicado por lideranças do PL, deixou o cargo, segundo comunicado da Caixa.
O governo também afastou indicados por deputados federais de quatro superintendências estaduais da pasta da Agricultura. As trocas ocorreram no Paraná e no Maranhão, após toda a bancada do PSD nesses estados votar contra o texto. Situação semelhante aconteceu no Pará e em Minas Gerais, onde as bancadas do PSD se dividiram na votação.
Outra substituição aconteceu na superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em Roraima. A troca foi feita após a deputada Helena Lima (MDB-RR), apontada como responsável pela indicação, votar contra a MP.
Novas exonerações devem ocorrer nos próximos dias. A Secretaria de Relações Institucionais, comandada pela ministra Gleisi Hoffmann, estaria levantando as indicações feitas por todos os deputados que se posicionaram contra a pauta governista.
O revés no caso do IOF contou com articulação de caciques do Centrão, que viram na votação da medida provisória uma chance de dar o troco no Planalto pelos votos contrários à PEC da Blindagem.