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Do Supremo Tribunal Federal ao Banco Central, gestão Lula III está cercada de algozes

Qual é a diferença entre Bob Neto e Galípolo na presidência do Banco Central? Será que dá para sequer dizer que existe alguma de fato? 

Bob Neto foi indicado por Bolsonaro, um homem “técnico e austero”, já Galípolo, é o jovem carismático de confiança de Lula, cuja indicação surgiu em um momento estratégico para o governo Lula 3, alimentando a expectativa de uma política monetária menos rígida.

Acontece que as ações de Galípolo escancaram o quanto ele e seu antecessor são unidos pela mesma cartilha e pelo mesmo senhor: o mercado financeiro dos 1%.

Galípolo não emergiu do campo político de Lula. 

Com seu traje camaleônico, foi apresentado por setores financeiros e conselheiros como uma escolha capaz de acalmar investidores e aparentar alinhamento com o governo. A promessa era de ponte entre desenvolvimentismo e prudência fiscal. A realidade, contudo, é que a ponte levou o governo para dentro do reduto adversário, sem alterar a lógica ortodoxa da política monetária.

As divergências entre Gabriel Galípolo e seu antecessor, apresentadas no ano passado, dissipam-se frente à alinhamentos estruturalmente sólidos.

Campos Neto mantinha uma fervorosa posição de economia rentista –  um poder econômico que se alimenta da escassez, da dívida e da dependência – e não tinha medo em seus discursos, principalmente quando zelava primeiro pela vontade do mercado, segundo das suas motivações políticas, e em último lugar, o povo. 

Mesmo com um indicado do Lula no poder, a autonomia do Banco Central continua sendo mais um escudo do rentismo do que um instrumento de desenvolvimento econômico e social.

É tempo de admitirmos que Galípolo, com a situação atual da gestão lulista de estar cercada por fora e minada por dentro, quiçá pode ser considerado um infiltrado; ele é a consolidação de uma capitulação. É o agente do mercado dentro do Palácio do Planalto que, com a cooperação integral de toda a diretoria do Banco Central nomeada por Lula, assegura que a política econômica não ouse desviar um milímetro da linha traçada pelo centrão e pela direita, mantendo o BC como o pitbull da meta inflacionária.

O Banco Central de Lula hoje segue a velha lógica do projeto de Campos Neto. 

A mesma estratégia que observamos na esfera econômica – marcada por indicações, no mínimo, suspeitas que sempre encontram eco entre os líderes petistas –, repete-se com força no Judiciário. A prova mais evidente disso é a presença de Luiz Fux no Supremo Tribunal Federal.

Outro volúvel personagem, Fux foi indicado sob a expectativa de “matar no peito” a absolvição de Zé Dirceu, mas revelou-se, na prática, um verdadeiro cavalo de Troia. 

Teme mais as censuras de Trump do que o levante popular, preocupa-se  mais em atender os anseios de sua bolha de “devotos”, como Dallagnol e Moro (In Fux We Trust), do que em zelar pela própria integridade moral, quando, pela primeira vez em anos, “amoleceu” um voto seu em favor de ninguém menos que Jair Bolsonaro.

Sob essa mesma dinâmica, a figura de Gabriel Galípolo surge como a reedição de uma antiga história, a repetição farsesca de um roteiro já conhecido, em que a promessa de lealdade cede lugar à concessão disfarçada de pragmatismo. 

A história, mais uma vez, repete-se: primeiro como tragédia, agora como farsa.

Por: Anthony Rodrigues, Lucas Cedro e Jade Silveira.

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