A RBVMVJ e carnificina no Rio
A Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça repudia a banalização da vida, o punitivismo fascista e as ações de evidentes objetivos eleitoreiros.
A história deste país está manchada eternamente pela grave quantidade de chacinas realizadas, seja em períodos ditatoriais, seja em períodos democráticos.
Em dezembro de 1976, o Comitê Central do PCdoB estava reunido em um dos seus locais para encontros clandestinos, na Lapa, para realizar um balanço político da recém-derrotada Guerrilha do Araguaia. Na madrugada do dia 16, após o fim da reunião, a residência foi cercada e metralhada pela polícia. Os feridos foram sequestrados e levados ao DOI-CODI, dois morreram no ato e um que foi preso, posteriormente foi morto sob torturas.
Em 7 de outubro de 1963, ano em que já se sentia a tensão política e a iminência da ditadura, agentes do Estado e seguranças privados da Usiminas abriram fogo contra operários em greve, desarmados, que protestavam por melhores condições de trabalho e moradia. O resultado foi a morte de dezenas de pessoas (o número oficial é de 8, mas testemunhas relatam mais de 30).
As Operações Escudo e Verão (2023-2024) na Baixada Santista foram uma série de ações policiais extremamente letais, como execuções sumárias, tortura e obstrução de justiça, em suposta retaliação pela morte de um policial. As forças armadas alvejaram civis desarmados, como um senhor que saía para comprar pão, totalizando 84 vítimas fatais.
A Chacina da Candelária foi um massacre ocorrido na madrugada de 23 de julho de 1993, no centro do Rio de Janeiro, quando um grupo de milicianos armados atirou contra dezenas de crianças e adolescentes que dormiam nas escadarias da Igreja da Candelária. O ataque resultou na morte de oito jovens, seis menores e dois adultos, todos pobres e negros, tornando-se um símbolo brutal da violência contra a população em situação de rua.
O Massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992, foi a invasão do Presídio do Carandiru pela Polícia Militar de São Paulo para suprimir uma rebelião, resultando na execução de 111 presos. A ação, liderada pela ROTA, foi caracterizada por execuções sumárias, com 70% dos tiros atingindo cabeça e tórax, e por humilhações aos sobreviventes.
Esta chacina foi um fator fundamental que acelerou a formação do PCC, o que também desencadeou outro ciclo de assassinatos em séries pelas mãos das forças policiais, mais conhecido como Crimes de Maio de 2006, um movimento revanchista policial que exterminou 505 civis pela morte de 59 policiais, tudo no período de uma semana.
E agora, mais letal, pelo governo que, em virtude do seu declínio moral, político e ideológico, lança a mão de provocar um caos e verdadeiras tragédias humanitárias, sem ter atingido o pretenso objetivo e, tudo indica, com o viés eleitoral de ganhar mídia, foco, mesmo que seja de uma lente suja de sangue.
A “Operação Contenção” paralisou a cidade toda com terror e tensão em todos os bairros, ruas paralisadas, sequestros de ônibus, incêndios, enquanto os complexos do Alemão e da Penha eram invadidos por policiais. No dia seguinte do massacre, o número oficial de mortes subiu de 63 para 121 em menos de 10 horas, sendo 4 policiais e 117 “suspeitos”. Moradores das áreas invadidas tiveram de subir os locais de tiroteio por conta própria para retirar os corpos, e relataram diversas marcas de tortura, mutilação facial e decapitação.
Como Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça, repudiamos a banalização da vida, o punitivismo fascista e a realização de ações de segurança desconexas, empíricas e de evidentes objetivos eleitoreiros.
Somos por princípio contrários a chacinas.
