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Sheikh Hasina, ex-premiê de Bangladesh, condenada à morte condenada morte por crimes contra a humanidade

(Fonte: CCN. O Canal Pororoca reconhece a autoria integral do site sobre o texto abaixo.)

Um tribunal de Bangladesh condenou a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina à morte nesta segunda-feira (17), concluindo um julgamento que durou meses. Ela foi considerada culpada de ordenar uma repressão violenta contra um levante estudantil no ano passado.

O Bangladesh, que tem 170 milhões de habitantes, enfrenta instabilidade desde que Hasina fugiu para a Índia, em agosto de 2024, no auge do levante.

Relembre os principais eventos desta crise abaixo.

Protestos de julho de 2024

Em um primeiro momento, manifestantes liderados pelo grupo “Estudantes Contra a Discriminação” exigiram que o Estado deixasse de reservar 30% dos empregos públicos para as famílias das pessoas que lutaram na guerra de independência do país em 1971 que, até então, estava sob o comando do Paquistão.

Entretanto, os protestos se intensificaram em julho de 2024, quando passaram a exigir a renúncia de Hasina e entraram em confronto com as forças de segurança e apoiadores do partido governista, a Liga Awami.

Bangladesh vê mais um dia de protestos • 19/07/2024 REUTERS/Mohammad Ponir Hossain
Bangladesh vê mais um dia de protestos • 19/07/2024 REUTERS/Mohammad Ponir Hossain

Os manifestantes culparam o governo pela repressão que matou centenas de pessoas e feriu milhares.

A onda de protestos atingiu o ápice em 5 de agosto do ano passado, quando Hasina foi forçada a fugir para a vizinha Índia, pouco antes de multidões invadirem sua residência oficial. Desde então, ela permanece na capital indiana, Nova Délhi.

Governo interino é formado

Após a fuga da primeira-ministra, um governo interino foi formado com a missão de restaurar a estabilidade e preparar as eleições parlamentares em Bangladesh.

Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel de 85 anos, assumiu o cargo de primeiro-ministro. Segundo ele, as eleições serão realizadas no início de fevereiro.

O governo interino prometeu amplas reformas institucionais, mas o progresso tem sido lento e fragmentado, apesar do amplo consenso sobre reformas importantes, como a restauração de um governo de transição não partidário para supervisionar as eleições, a despolitização das instituições estatais e a reformulação da Comissão Eleitoral.

Além disso, reformas mais profundas estão paralisadas devido a fortes divergências entre os partidos sobre propostas de mudança constitucional, de reforma judicial e a introdução de um Parlamento bicameral.

Analistas políticos apontam para uma crescente discrepância entre as expectativas da população e os resultados que devem ser atingidos.

Desafios e críticas ao governo interino

O governo de Muhammad Yunus está dividido entre a necessidade de reformas e a pressão por eleições antecipadas, seu maior desafio.

A controvérsia em torno da exclusão do partido Liga Awami, do qual Sheikh Hasina faz parte, aumentou ainda mais a tensão no país.

O vencedor do prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus em evento em Trento, na Itália • 03/06/2022 - Roberto Serra/Iguana Press/Getty Image
O vencedor do prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus em evento em Trento, na Itália • 03/06/2022 – Roberto Serra/Iguana Press/Getty Image

Muitas pessoas desejam a participação da sigla no processo e alertam que, sem ampla inclusão política, a legitimidade da votação pode ser questionada.

O recém-formado Partido Nacional Cidadão, que surgiu dos protestos de 2024, é visto por críticos como favorecido pelo governo de Yunus, o que o governo nega. Mas essa suspeita também pode comprometer a credibilidade da eleição.

Violência assola Bangladesh

Além desses problemas, a aplicação da lei continua sendo um desafio em Bangladesh.

Violência política, ataques de multidões e assédio a jornalistas e minorias, especialmente mulheres, são relatados com frequência.

Episódios de violência relacionada a multidões causaram ao menos 261 mortes entre agosto de 2024 e outubro de 2025, segundo o grupo de direitos humanos Ain o Salish Kendra.

A Human Rights Watch, com sede em Nova York, alerta que, embora algumas práticas autoritárias tenham chegado ao fim, o governo interino adotou táticas preocupantes.

Entre elas, estão detenções arbitrárias, prisões em massa e processos com motivação política, direcionados principalmente a apoiadores do partido de Hasina, afirmou o grupo.

A tortura sob custódia e o uso da Lei de Poderes Especiais continuam, espelhando táticas repressivas do passado, afirmou a HRW. O governo interino nega as acusações.

Declaração de julho

Um documento chamado “Declaração de Julho”, emitida após a revolta do ano passado, estabeleceu o roteiro para reformas democráticas.

Na semana passada, o primeiro-ministro Yunus afirmou que o governo interino realizará um referendo nacional, juntamente com a votação parlamentar de fevereiro, sobre a implementação da carta para a reforma do Estado.

A carta eventualmente se tornará parte da Constituição, se aprovada pelo novo Parlamento.

A Declaração de Julho busca reformular a política e as instituições do país e dar reconhecimento constitucional à revolta de 2024.

Ela prevê maior representação feminina, limitação do mandato do primeiro-ministro, fortalecimento dos poderes presidenciais, ampliação dos direitos fundamentais e garantia da independência judicial.

Pena de morte para ex-premiê

Nesta segunda-feira (17), um tribunal de Bangladesh condenou Sheikh Hasina à morte, concluindo um julgamento que durou meses.

Ela foi considerada culpada de crimes contra a humanidades por ordenar a repressão violenta contra as manifestações no ano passado.

Um painel de três juízes do Tribunal Internacional de Crimes determinou que Hasina foi responsável por incitar centenas de execuções extrajudiciais realizadas pelas forças de segurança.

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