Milhares de pessoas ocuparam as ruas de diversas capitais brasileiras neste domingo (14) em atos nacionais contra o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pela Câmara dos Deputados, e contra a tentativa de anistiar os envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. As manifestações também expressaram repúdio ao atual Congresso Nacional, classificado pelos manifestantes como “inimigo do povo”, além de denunciarem o avanço de pautas que retiram direitos, aprofundam a violência contra as mulheres e enfraquecem a democracia.

Convocados por frentes populares, movimentos sociais, sindicatos, entidades estudantis, artistas e partidos políticos de esquerda, os atos ocorreram em todas as capitais do país, com palavras de ordem como “Sem anistia”, “Congresso inimigo do povo” e “Não à impunidade”. Em diversas cidades, houve caminhadas, carros de som, performances artísticas, shows e discursos políticos.

São Paulo e Rio concentram grandes atos

Em São Paulo, a manifestação aconteceu em frente ao MASP, na Avenida Paulista, que chegou a ser totalmente bloqueada. Segundo levantamento do Monitor do Debate Político e da ONG More in Common, o ato reuniu 13,7 mil pessoas no auge. Faixas e cartazes criticavam diretamente o presidente da Câmara, Hugo Motta, e denunciavam o PL da Dosimetria como uma anistia disfarçada aos golpistas.

No Rio de Janeiro, cerca de 18,9 mil manifestantes se concentraram na orla de Copacabana. O protesto contou com a participação de artistas, parlamentares e lideranças sociais, além de performances simbólicas que compararam deputados favoráveis ao projeto a “ratos” e “vermes”, em referência às votações feitas de forma considerada obscura e antipopular. Também houve forte cobrança por medidas efetivas contra o feminicídio e a violência contra a mulher.

Atos em todas as regiões do país

Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Belém, Manaus, Goiânia, Vitória, Natal, João Pessoa, Aracaju, Maceió, Campo Grande, Teresina, São Luís, Macapá, Palmas, Rio Branco, Boa Vista, Cuiabá e Florianópolis também registraram manifestações ao longo do dia.

Em comum, os protestos denunciaram:

• a tentativa de reduzir penas de crimes contra o Estado Democrático de Direito;
• a possibilidade de beneficiar Jair Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe;
• o avanço de pautas como o marco temporal das terras indígenas;
• ataques a direitos trabalhistas, como a escala 6×1;
• a conivência do Congresso com a violência de gênero e a ausência de políticas efetivas contra o feminicídio.

Em algumas cidades, mulheres protagonizaram falas e atos simbólicos, reforçando que não há democracia possível sem o enfrentamento da violência contra as mulheres e sem responsabilização dos agressores.

PL da Dosimetria no centro das críticas

O Projeto de Lei da Dosimetria prevê a redução do tempo de prisão para condenados por tentativa de golpe de Estado, além de permitir progressão de regime mais rápida. Caso aprovado também no Senado, o texto pode reduzir drasticamente o tempo de prisão de Jair Bolsonaro, o que foi classificado pelos manifestantes como um grave ataque à democracia e à justiça.

A proposta deve ser analisada nos próximos dias pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e os movimentos prometem manter a pressão popular nas ruas.

As manifestações deste domingo deixaram um recado claro: o povo não aceitará um Congresso que legisla contra a democracia, protege golpistas, ignora a violência contra as mulheres e governa para poucos.

Abaixo, imagens das manifestações pelo Brasil.

Domingo, 14 de dezembro de 2025. Um dia histórico de luta contra o Congresso inimigo do povo. Veja também nos vídeos abaixo.

Fontes: Agenda Brasil, G1, O globo, O tempo Brasil.