A peruca da discórdia institucional na Suprema Corte
O direito é produto da política, assim como a política é produto da correlação de forças.
Quem sugeriu o Fux para que a Dilma o indicasse? E por quê?
Se não formos a esse processo de indicação, geralmente casuístico, não vamos entender como o Fux chegou à Suprema Corte, como o Joaquim Barbosa chegou à Suprema Corte. Porque foram indicações de governos petistas.
Essa atuação vexaminosa de Fux tem de ser uma lição para os governos petistas que, em regra, escolhem muito mal para o Judiciário.
Me causa tristeza que os dedos podres não se manifestem e continuam com empáfia a fazer narrativas.
Quatro governos do PT tiveram oportunidades para a composição mais progressista do Judiciário, entretanto, há dedos podres que cercam os governos petistas.
O voto do Fux não mudará o resultado previsto, não obstante servirá de matéria prima para trumpistas e bolsonaristas.
Um voto tão extenso, sem poder de convencimento, teve o objetivo de servir aos EUA e seus intentos contra o Brasil; optou pela manutenção do visto e abdicou da postura de um magistrado brasileiro.
Houve argumento para justificar a coletânea que fez de jurisprudência, de artigos de juristas, geralmente de direita, mostra um Fux que atua conforme a sua ideologia golpista, bolsonarista e sabujo do imperialismo estadunidense.
Os poderosos chefões não deixam digitais. AL Capone, maior gangster dos EUA, só foi condenado por sonegação fiscal. O ministro Fux vai nessa linha de que como não houve flagrante, Bolsonaro não cometeu os crimes que lhe foram imputados, inobstante as robustos provas.
Ao condenar o tenente coronel Cid e absolver seu chefe, o ex-presidente Bolsonaro, Fux eleva Cid a chefe da tentativa de golpe. Mas não apresentou as provas. Ele o condenou como vingança ´por ter ousado delatar o chefe.
Então, segundo Fux, o mordomo é o culpado. Ou seja, o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o delator Mauro Cid.
O culpado é sempre o mordomo. Não é só em filmes de ficção, como, principalmente, na realidade do Judiciário.
Fux, para além de um voto desmoralizante ao STF, fez dos mordomos culpados, fez dos donos da casas grandes meros inocentes.
O julgamento que será histórico, se tornou ainda mais, pelo voto esdrúxulo e singular deste século, deve ir para a galeria de engabeladores do direito.
Muito nariz de cera para manter-se no foco e desrespeito completo aos seus pares.
A força de Sansão estava nos cabelos, a ingratidão, a soberba e a vaidade de Fux se esconde no mau gosto de sua indefectível peruca.
É um guardião jurídico do bolsonarismo, que se candidata até a substituir Bolsonaro como líder da direita raivosa e entreguista, sob os auspícios do imperialismo estadunidense.
Fux abusou de sofismas, platitudes de agrado bolsonarista e trumpista, numa coletânea de pareceres, que servem a qualquer lado ao viés de quem as usa. Verborragia cansativa, sobre a qual a ministra Carmen Lúcia no seu voto hoje, deve demolir.
Para justificar a sua mudança de voto, argumentando que não era o STF que deveria estar julgando, inobstante ele mesmo já ter julgado vários golpistas e terroristas menores no STF, ele alega que incoerência é evolução. De onde ele tirou esse absurdo, ninguém sabe.
Se incoerência significar evolução, estará inaugurada a anarquia, a balbúrdia, das decisões. O presente anularia o passado, o futuro anularia o presente, e a insegurança jurídica seria absoluta.
Coerência é questão prioritariamente de caráter e de critérios. Para uma pessoa justificar sua incoerência, não basta dizer que incoerência é evolução, teria que fazer todo um arrazoado mostrando porque mudou de posição.
Mas, o Fux não mudou de posição. Ele é um camaleão. Ele se esconde quando necessário para depois ser como um escorpião.
Errar na hora certa. Certa para quem quer tumultuar. Certa para quem quer alimentar o bolsonarismo e o imperialismo ianque.
Apropriada para quem quer ser candidato.
Carmem Lúcia “O que há de inédito nessa ação penal é que nela pulsa o Brasil que me dói. A presente ação penal é quase um encontro do Brasil com seu passado, seu presente, e seu futuro”
Francisco Celso Calmon