Após congratulações por megaoperação com 121 mortes Castro e governadores de direita citam ‘consórcio da paz’
Fontes: UOL
Após a operação do governo do Rio de Janeiro que deixou 121 mortos, o governador, Cláudio Castro (PL), anunciou a criação de um “consórcio da paz” com governadores de oposição ao governo Lula (PT). Eles se reuniram nesta quinta no Rio para discutir segurança pública.
Os aliados parabenizaram Castro pela operação, a mais letal da história do país. Na coletiva de imprensa após a reunião, estavam presentes os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou de forma remota.
Governador do Rio anunciou a criação de um “consórcio da paz” entre os estados, com sede no Rio. “Dentre o que conversamos aqui, uma proposta clara: a criação, no âmbito dos estados, segundo o governador Jorginho, do consórcio da paz. Um consórcio entre estados, no modelo de outros consórcios que existem, para que possamos dividir experiência, soluções e ações de combate ao crime organizado”, falou.
Eles não detalharam como o consórcio vai funcionar. Mello afirmou que há a possibilidade de envio de agentes. “Na proposta, vamos integrar os estados com todos os meios: contingente, inteligência, o que tiver que ser feito”, disse.
Reunião entre governadores mostra “grande oportunidade” para mudar a segurança pública do Brasil. “Temos uma grande oportunidade. Temos uma oportunidade muito clara de mudarmos a segurança pública do nosso país com integração e diálogo. Mas, sobretudo, com coragem e efetividade. Coragem e efetividade serão, sim, elementos completamente presentes a partir do que aconteceu no Rio de Janeiro”, disse Castro.
Castro negou que o grupo esteja fazendo uso político do caso. “O primeiro ponto foi de solidariedade ao Rio de Janeiro. Diferentemente do que achavam, foi uma reunião onde politizamos pouquíssimo. Falamos de uma ideia de segurança pública. Foi muito bonito, na fala dos governadores, a preocupação com nosso povo, com o cidadão que sai para trabalhar 5h da manhã, que fica querendo garantir a segurança de sua esposa e filhos”.
Rio de Janeiro tem tentado classificar organizações criminosas como “organizações narcoterroristas”, segundo Castro. “Infelizmente, a nossa lei antiterrorismo fala sobre tudo, menos sobre ações terroristas. Por isso, o Rio de Janeiro tem tentado classificar, não por ideologia, mas por atitudes, essas organizações como narcoterroristas.”7Questionado sobre a diferença com a PEC da Segurança Pública, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), criticou a proposta do governo federal. “Único objetivo que o governo federal quis foi um só: tirar dos governadores as diretrizes gerais da segurança pública. É uma determinação que a Constituição de 1988 nos deu. Ele quer transferir aquilo para a diretriz geral ser do Ministério da Justiça. Não temos dificuldade na integração, temos dificuldade pela ausência do governo.”
Governadores de esquerda não foram chamados para a conversa, mas convite para integrar o consórcio deve se estender a eles, segundo presentes. Castro e Mello mencionaram que a ideia é de que a integração aconteça com a participação de todas as unidades federativas. “Se possível fosse, os 27 estados. Para que a gente troque experiência, material humano e faça compras de equipamentos de forma consorciada, porque jogamos o preço para baixo”, disse Mello.
Chefes de órgãos de segurança pública do Rio também fizeram parte da reunião. Estavam presentes na mesa junto aos governadores o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, o secretário da Polícia Militar, Marcelo Menezes, e o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi.
Jorginho Mello foi um dos que se ofereceu para enviar tropas ao Rio após a operação. A possibilidade de deslocamento de tropas entre os estados era um dos tópicos discutidos hoje.
Operação tornou-se a mais letal do país, passando o massacre do Carandiru. Em 1992, o complexo penal em São Paulo foi palco da maior chacina ocorrida em uma prisão brasileira. O episódio durou 30 minutos e provocou a morte de 111 detentos.
Polícia do Rio prendeu 113 pessoas e apreendeu dez adolescentes. Entre os detidos, 33 são de outros estados. Segundo a Polícia Civil, foram apreendidas 118 armas, entre elas 91 fuzis. O número exato de drogas e munições apreendidos não foi informado pelos órgãos e ainda é contabilizado.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que Castro (PL), preste informações sobre a operação. O governador deve participar de audiência no Rio de Janeiro em 3 de novembro. Secretário de Segurança Pública, comandante da Polícia Militar e delegado geral da Polícia Civil também terão que dar informações.
Castro deverá apresentar, pelo menos, 18 questões, como o relatório circunstanciado sobre a operação e a justificativa formal para sua realização. O ministro também quer que o governador informe número oficial de mortos, feridos e pessoas detidas, bem como quais providências foram adotadas para assistências às vítimas e famílias.

