Ativistas da Flotilha detidos sofrem maus tratos
Membros italianos, poloneses e portugueses da tripulação da Flotilha Global Sumud detidos em Israel se encontram em situação difícil.
A visita consular da Embaixada da Itália em Israel aos cidadãos italianos detidos na Flotilha terminou ao fim de muitas horas. A equipe consular informou que os detidos se encontram bem, porém as condições de detenção na prisão são particularmente desconfortáveis. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, deu instruções à embaixada para solicitar, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelense, uma inspeção e uma melhoria das condições de detenção.
O ministério acrescentou que a embaixada italiana está trabalhando para acelerar o processo de deportação que deverá ser rápido para os que decidiram assinar a ordem de deportação proposta pelas autoridades israelenses.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros polonês publicou também uma nota em que explicava que os três membros poloneses da Flotilha estão sãos e salvos e que lhes foi oferecido um procedimento acelerado para deixarem Israel e regressarem à Polónia, entretanto todos eles terão recusado assinar uma declaração de submissão voluntária à expulsão, o que significa que vão agora aguardar julgamento num tribunal israelense.
O embaixador e o cônsul português em Israel também visitaram na sexta-feira os quatro portugueses detidos. Numa nota enviada à imprensa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que Mariana Mortágua, Sofia Aparício, Miguel Duarte e Diogo Chaves se encontram em bom estado de saúde, apesar das difíceis e duras condições à chegada ao porto de Ashdod e no centro de detenção.
Os ativistas, no entanto, relataram ter sido maltratados. A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua se encontra atualmente numa cela com 12 pessoas e compartilhou uma mensagem para dar descanso à família, mas também para denunciar a situação dos ativistas que, segundo ela, estiveram 48 horas sem comida nem água. Os quatro cidadãos portugueses terão assinado uma declaração aceitando a sua expulsão do país.
A eurodeputada Benedetta Scuderi, que fazia parte da Flotilha e regressou na sexta-feira com os outros três deputados italianos, também falou sobre as medidas de detenção. Assim que chegou ao aeroporto de Fiumicino, em Roma, Scuderi falou de violações e depois, numa entrevista ao jornal La Repubblica, contou os maus-tratos sofridos no porto de Ashdod. Segundo ela, agarraram-na pelos braços e apertaram. Passaram por revista, revistaram as malas e jogaram fora medicamentos, objetos pessoais, telefone celular e cartões que não foram devolvidos.
Hazwani Helmi, cidadão malaio, e Windfield Beaver, cidadão americano, disseram à Reuters no aeroporto que testemunharam Greta Thunberg sendo maltratada, dizendo que ela foi empurrada e forçada a usar uma bandeira israelense. Segundo Helmi, os ativistas foram tratados como animais, acrescentando que os detentos não recebiam comida limpa ou água e que medicamentos e pertences foram confiscados.
Os ativistas que aterrissaram no Aeroporto de Istambul incluíam cidadãos turcos, bem como cidadãos dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Marrocos, Itália, Kuwait, Líbia, Malásia, Mauritânia, Suíça, Tunísia e Jordânia, disseram fontes do Ministério das Relações Exteriores da Turquia.
A equipe jurídica que apoia a Sumud Global Flotilla anunciou na sexta-feira que os 473 membros da tripulação dos barcos apreendidos pelas forças navais israelitas foram transferidos para uma prisão no deserto do Negev, no sul de Israel. A detenção dos ativistas, que transportavam ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, vem provocando protestos em todo o mundo.