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Claúdio Castro adota tom beligerante, responsabiliza o Judiciário por “bunker” do crime e desdenha da falta de apoio federal, enquanto chama chacina no Rio de “operação bem sucedida”

Em uma coletiva de imprensa hoje (29), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), defendeu a operação policial realizada no último dia como “um duro golpe na criminalidade”, mas não abordou o número de vítimas civis e direcionou críticas ao sistema de Justiça e a quem contesta sua abordagem.

“O governador desse Estado e nem nenhum secretário vai ficar respondendo, nem ministro, nem autoridade, nem ninguém que queira transformar esse momento numa batalha política”, disse Castro.

A postura do governador, no entanto, mostrou-se contraditória. Ao mesmo tempo que pregava a despolitização, ele mesmo citou nominalmente partidos de oposição, como o PSOL, em seu primeiro pronunciamento sobre a operação, conforme relembrado durante a coletiva. Além disso, Castro lançou um ultimato a outros atores políticos: “Ou ajuda a somar no Rio de Janeiro, ou suma”. Uma fala ironicamente enviesada politicamente para quem quer evitar a “politicagem”.

Castro afirmou que “as situações, sobretudo de algumas ações judiciais, fizeram o Rio ser esse grande bunker de lideranças hoje”, numa referência indireta a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que limitam operações policiais em áreas densamente povoadas. Para Castro, essas limitações jurídicas “dificultaram o enfrentamento ao crime organizado”.

Mesmo em um cenário que alude a uma guerra civil na cidade, o governador declarou que “De vítima ontem lá, só tivemos os policiais”. Enquanto isso, os próprios moradores das áreas do confronto estão à aproximadamente mais de 12 horas retirando corpos com marcas de tortura das matas, típicos sinais de execução sumária.

Seu discurso enalteceu a “nobre ação de pagar com a própria vida” dos agentes, em uma tentativa suja de emplacar sua narrativa de guerra onde há apenas dois lados: o do bem e dos “narcoterroristas” e bandidos.

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