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Desde a posse cercado por fora, minado por dentro, Lula encontrou as saídas. 

A nova conjuntura, produzida marcadamente por Trump e a famiglia Bolsonaro, bem como, pela natureza plutocrática do Congresso, geraram condições preliminares, objetivas e subjetivas, para Lula e a esquerda encontrarem o leito comum da luta de classes. 

Antes era o eles contra nós, agora tem o reverso: nós contra eles.

Antes a máfia bolsonarista de extrema-direita havia se apropriado dos símbolos nacionais, agora, comprovada a traição da famiglia ao Brasil, o verdadeiro patriotismo está sendo dos que se colocam a favor do país e não dos EUA, e os símbolos são repatriados para o seio dos democratas patriotas. E mais: a aura nacionalista do bolsonarismo está desmascarada, era falsa, como sabíamos, porém, o povo ainda não tinha percebido.

Nós contra eles, os supérrimos, que não pagam impostos, quando por justiça tributária deveriam, e a maioria da sociedade, mais de 58% concordam com a “taxação BBB” (Bilionários, Bancos e Bets). Esse é o eixo encontrado, ainda em tempo, pela ala progressista do governo. Esse viés possibilita separar uns dos outros e reduzir as minas traiçoeiras internas ao governo, cujo caráter de coalização virou de traição. 

Seguir com a reforma ministerial, já com o olhar para a composição da frente eleitoral que irá disputar a eleição presidencial em 2016 contra a extrema-esquerda, seja com Tarciso, Michele ou um filho do capo, é parte da estratégia para a vitória.

Por sua vez, Trump está deixando visível, até para os olhos mais míopes, que a sua política imperial é de guerra, seja bélica, de tarifas, ou híbrida, e aos países a opção de subalternidade ou resistência e afirmação da soberania estatal.  

Prejudicando a economia do país, com o aumento de 50% de tarifas, e usando desse expediente para intimidar o Estado brasileiro, para anistiar os delinquentes da democracia.

Estes trechos da carta de Trump “Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente (…)

Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. (…) Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!” deixam às claras o objetivo político.

Reação enérgica do governo, gerou uma unidade inesperada na sociedade e nas suas lideranças sociais e institucionais, reacendendo o patriotismo brasileiro de um lado, e de outro, evidenciando o sabujismo da máfia bolsonarista aos EUA. 

Exemplos:

Artigo do site GGN:

Truculência de Trump faz renascer o nacionalismo brasileiro, por Luís Nassif: Politicamente, a truculência de Trump conseguiu o feito inédito da montagem da grande feita midiática em favor do Brasil.

Artigo da Deputada Marina do MST:Os povos do Sul Global têm projetos. O mundo não precisa ser uma disputa entre impérios, mas um encontro entre iguais. A história está aberta. O BRICS popular não pode hesitar.”

Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça: Ex-combatentes da ditadura militar, assim como ontem, levantam a bandeira da luta contra o imperialismo e pela defesa da democracia , cuja conquista custou muito à geração 68. 

Pau que dá em Chico, dá em Francisco. O ditador e corrupto Trump não conhece o nosso ditado popular, contudo, está conhecendo a nossa resistência, diplomacia e reciprocidade.   

Até a OTAN está se engraçando com o Brasil; oxalá os militares encarnem o patriotismo e o Brasil reforce as suas defesas, porque os EUA, se foram um dia, não são confiáveis.

Bolsonaro agora está restringido pela tornozeleira eletrônica. Não só por ela, mas por outras restrições determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes. 

Essa contenção não é meramente jurídica, pois aprovada pela maioria do povo, é também o simbolismo de um país que está demonstrando ao mundo que ainda luta bravamente para fortalecer cada vez mais a sua democracia soberana. 

A tornozeleira não é opressão, perseguição, caça às bruxas, é, sim, um instrumento que já estava predestinado a ele, pelo crime continuado com mais um capítulo de traição ao Estado democrático de direito.

Estamos no começo. Ainda há muita luta e resistência pela frente, mas a justiça prevalecerá, e poderemos todos nos orgulhar de ver o Brasil consolidando a sua democracia e sendo aclamado mundo afora por sermos um exemplo de esperança dentro de um mundo que está deslizando de volta às garras fascistas da extrema-direita. 

Começou uma nova quadra política sob eixos estratégicos e táticos, saindo do modo empírico de uma correlação que aprisionava o governo na defensiva diante de um Congresso que usurpou parte das funções do Executivo e instaurou ilicitamente um semipresidencialismo. 

Aliado a uma deficiência crônica na comunicação, exatamente por não ter um projeto, uma política transparente ao povo, que galvanizasse mentes e corações na sua implantação, agora há bandeiras que unem e mobilizam os brasileiros.

Os flancos encontrados por Lula não continuarão consistentes se não contar com a mobilização do povo.   

Para tanto, os partidos e os movimentos sociais precisam tomar a iniciativa mantendo a pressão sobre o Congresso plutocrata e sobre o Banco Central, pelo fim da jornada 6×1, pela redução do juros, pelo imposto sobre os muito ricos, pela reforma agrária, pela aceleração da reindustrialização e incremento na infraestrutura logística com as novas parcerias com a China. 

Trump tornou o Brasil o alvo da vez pelo papel que desempenha nos Brics e Lula como liderança internacional.

Aprofundar a sinergia inaugurada por Lula com o povo trabalhador é o objetivo presente.  

Este é o cenário adequado para Lula inaugurar as caravanas patrióticas em defesa da soberania e do Estado democrático de direito, intensificando as visitas aos estados.    

Paz, Soberania e Democracia no Brasil formam um tripé do Estado de direito.  

Francisco Celso Calmon

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Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, Analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia, 60 anos do golpe: gerações em luta, Memórias e fantasias de um combatente; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

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