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Embaixador Tadeu Valadares considera plano para Gaza como um ‘suicídio’ e visa ocupação econômica

(Fonte: GGN. O Canal Pororoca reconhece a autorial integral do site sobre o texto abaixo.)

O que ocorre em Gaza é apenas um cessar fogo, que pode amenizar um pouco o sofrimento dos palestinos. Mas são ínfimas as possibilidades de um acordo justo.

Esta é a opinião do embaixador Tadeu Valadares, diplomata de carreira do Itamaraty, que já serviu em países como Cuba e Nicarágua.

“Esse plano está fadado ao fracasso. Ele não é americano — é israelense, ajustado com Washington e imposto aos palestinos”, diz ele.

As razões são nítidas.

Uma das condições do plano é conseguir que Gaza seja “zona livre de terrorismo”, rótulo que impede qualquer negociação legítima. Fala, também, em “desradicalização”, sem definir o termo, abrindo brecha para a repressão total. Finalmente, promete reconstruir Gaza aproveitando duas vantagens naturais.

Para Tavares, os 20 pontos do plano são um “convite ao suicídio”.

  1. Autoria e natureza do plano
    • O embaixador destaca que não é um plano americano de paz, mas um plano israelense-americano, construído por Netanyahu e Trump e imposto ao Hamas e a outras facções palestinas.
    • Havia inicialmente 21 pontos, mas um deles — exigindo que Israel pedisse desculpas ao Catar — foi retirado.
  2. “Zona livre de terrorismo”
    • Logo de saída, o texto define Gaza como uma zona livre de terrorismo, expressão considerada tendenciosa e manipuladora, já que o Hamas não é classificado como grupo terrorista pela ONU.
    • Ao usar esse termo, o plano bloqueia qualquer possibilidade de negociação legítima com os grupos palestinos.
  3. “Desradicalização” e neutralização política
    • O documento fala em “desradicalizar” Gaza, sem definir o que isso significa, o que abre espaço para expurgos políticos, censura e repressão generalizada.
  4. Ausência de ameaça aos vizinhos
    • O plano afirma que Gaza “não será uma ameaça para seus vizinhos” — Egito, Jordânia e Israel — como se um território minúsculo e sitiado pudesse representar risco real, segundo Valadares.
    • Essa cláusula reforça a narrativa israelense de culpabilização permanente do povo palestino.
  5. Reurbanização e exploração econômica
    • O coração operacional do plano está na “reurbanização” de Gaza — um projeto de transformar a região numa “Riviera” turística e zona de exploração de gás natural, sob controle de capitais israelenses e norte-americanos.
    • Trata-se, nas palavras do embaixador, de uma “economia da ocupação”.
  6. Promessa condicional de Estado Palestino
    • O plano estabelece que, somente após vinte anos de reurbanização e reformas, poderiam ser “criadas as condições para um caminho crível rumo à autodeterminação palestina”.
    • Em outras palavras, adiamento indefinido da criação de um Estado Palestino e manutenção da tutela israelense sobre o território.
  7. Consequência política e moral
    • Valadares resume que o plano é “um convite ao suicídio” das forças palestinas.
    • Se implementado, aniquilaria a causa palestina e normalizaria o apartheid israelense sob uma aparência de paz negociada.

A conclusão é uma só, segundo Valadares: “Esse plano não é de paz, é um projeto de ocupação econômica e submissão política. Ele transforma Gaza em uma Riviera sob controle estrangeiro e empurra o sonho palestino de Estado para além das calendas gregas.”

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