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Fascista que quebrou placa de Marielle Franco quer expulsar GTNM-RJ e Aldeia Maracanã de suas sedes no Rio

(Fonte: Holofote. O Canal Pororoca reconhece a autoria integral do autor sobre o texto abaixo)

Como diria Bertolt Brecht: “A cadela do fascismo está sempre no cio”.

Os inimigos da democracia não dormem, estão sempre à espreita para desferir o próximo golpe.

Esse é o caso de Rodrigo Amorim, deputado estadual do Rio de Janeiro (União Brasil), com vasto currículo de ataques aos defensores dos direitos humanos.

O último deles é o de tentar expulsar entidades como o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM-RJ) e a Aldeia Maracanã de suas sedes, para colocar os imóveis à venda.

Apesar de o projeto do governador Cláudio Castro (PL) ter sido sepultado na Comissão de Constituição e Justiça, que Amorim preside, ele pretende apresentar uma emenda em plenário reintroduzindo a questão, na próxima quarta-feira, 12.

A professora e tesoureira do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio, Victória Grabois, alerta que dos 70 deputados que compõem a Alerj, apenas 15 são do campo democrático.

“Os outros são da direita ou da extrema direita. E alguns são do centro. Fizemos um corpo a corpo entre aqueles que podem votar conosco.”

O Grupo Tortura Nunca Mais ocupa há mais de 30 anos duas salas de um prédio em Botafogo, próximo ao Hospital Pró-Cardíaco, na zona sul da cidade, cedidas em regime de comodato pelo então governador do Rio de Janeiro, o jurista Nilo Batista.

Victória destaca que a entidade não recebe nenhum tipo de financiamento governamental. “Somos sustentados pelos nossos companheiros, ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos políticos da ditadura.”

Ela pede a solidariedade de todos para evitar o despejo. “Enviando mensagens e depoimentos para que a sede do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro não vá a leilão. Precisamos muito deste espaço.”

“O Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo está totalmente ao lado dos companheiros do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro. Total solidariedade”, enfatiza a jornalista e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, Rose Nogueira.

Indígenas no alvo

A Aldeia Maracanã, território urbano de concentração indígena, formada em 2006 por diversas etnias, também está na mira do deputado da extrema direita. O terreno está localizado próximo ao Estádio do Maracanã, na zona norte da capital fluminense

A Casa Almerinda Gama, entidade que atende mulheres vitimas de violência doméstica no centro do Rio de Janeiro, também é alvo do ataque de Amorim.

O ultradireitista é ponta de lança do governador bolsonarista Cláudio Castro (PL) na Assembleia Legislativa do Rio, e quer ser candidato ao governo do Estado.

Uma briga política por disputa de poder nas próximas eleições pode ajudar as entidades a evitarem o despejo. O presidente da Alerj, Rodrigo Bacelar (União Brasil), também é pré-candidato ao governo do Rio e estaria em rota de colisão com Castro.

“Mas a gente não pode confiar nisso”, ressalta Victória.

Ela conta que Amorim também pretendia incluir no pacote, a venda do Estádio do Maracanã. “Tudo é possível com esse cara, precisamos estar atentos”, enfatiza.

Um prédio da UNE também está na alça de mira de Amorim. Victória acredita que não seja o da sede histórica da Praia do Flamengo, mas um imóvel onde funcionou a antiga Faculdade de Direito da Guanabara, na rua do Catete, próximo ao antigo Palácio do Catete, hoje sede do Museu da República, que havia sido repassado à entidade estudantil.

Provavelmente os ataques às organizações sociais é a forma encontrada por Amorim para chamar a atenção dos eleitores de extrema direita e tentar se projetar para a eleição do ano que vem.

De deputado mais votado no pleito de 2018, em que recebeu 140.666 votos, despencou para pouco mais de 47 mil votos na eleição passada.

Ele se tornou conhecido nacionalmente em 2018, ao quebrar a placa da ex-vereadora Marielle Franco, executada em uma emboscada de milicianos. Antes disso, em 2016, havia concorrido como candidato a vice-prefeito na chapa de Flávio Bolsonaro.

Histórico de ataques

Em 2023, Rodrigo Amorim tentou premiar o 1° Batalhão da Polícia do Exército, estrutura onde funcionou o DOI-Codi do Rio, principal centro de tortura do Estado durante a ditadura militar.

O deputado ultradireitista queria entregar o Prêmio Construtor da Paz para o local onde milhares de presos políticos foram torturados, vários deles mortos e desaparecidos durante os Anos de Chumbo.

“Como pode dar um prêmio de paz a um local que prendeu, torturou, matou e desapareceu com os corpos de nossos companheiros, sendo o caso mais emblemático o do deputado Rubens Paiva. É uma proposta absurda! Não podemos aceitar isso em uma democracia. O Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro protesta veementemente contra a proposta desse deputado”, declarou Victória Grabois à época em entrevista à reportagem de Holofote.

Victória perdeu três familiares assassinados pela ditadura militar na Guerrilha do Araguaia: o pai, Maurício Grabois, o irmão, André Grabois, e o companheiro, Gilberto Olímpio Maria.

O plano dele foi abortado ao ser ser retirado da pauta após pressão de parlamentares da oposição e de entidades como o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio.

Golpista

O carro oficial de Amorim, com placa reservada, também foi usado em atos golpistas, segundo relatório da Polícia Civil do Rio de Janeiro de 2023.

O documento foi encaminhado ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, em resposta à sua solicitação para subsidiar o inquérito de investigação dos atos golpistas contra o governo do presidente Lula.

À época Amorim negou participação nos atos golpistas e declarou que estava de férias com a família em Alagoas no dia 8 de janeiro. Mas não esclareceu se tinha comparecido a acampamentos golpistas.

No ano passado, ele foi condenado pelo crime de violência política de gênero.

A pena fixada em um ano e quatro meses deveria ser cumprida em serviços comunitários prestados à população em situação de rua, além do pagamento de 70 salários mínimos. Mas ele recorreu da sentença.

A decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro foi por ele ter ofendido a vereadora de Niterói, Benny Briolly (PSOL), em discurso na Assembleia Legislativa do Rio, em 2022.

Ele xingou a parlamemtar de “boi zebú” e “aberração da natureza” pelo fato de a vereadora ser trans.

Por Lúcia Rodrigues

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