O anúncio foi feito na segunda-feira, 29, pela vice-presidente de Caracas, Delcy Rodrigues, em reunião com diplomatas estrangeiros, na qual ela esclareceu que a medida concede ao mandatário poderes especiais para atuar em questões de defesa e segurança em caso de ameaças externas. O decreto permitirá a Maduro mobilizar as Forças Armadas em todo o território nacional para ocupar militarmente toda a infra-estrutura dos serviços públicos, das indústrias básicas e dos hidrocarbonetos no caso de uma agressão externa, como também ordenar o fechamento de fronteiras marítimas, aéreas e terrestres do país.

De acordo com a legislação venezuelana, o estado de comoção tem duração de 90 dias e pode ser prolongado pelo mesmo período de tempo, mediante aprovação do Legislativo do país.

A decisão ocorre em meio ao aumento da presença militar americana no Caribe. Nas últimas semanas, os Estados Unidos intensificaram operações navais na região, sob o argumento de combater cartéis de drogas.

De acordo com a agência Bloomberg, Nicolás Maduro havia oferecido ajuda a Donald Trump em início de setembro para capturar líderes do cartel Tren da Aragua, após os EUA mobilizarem militares para operações antinarcóticos no Caribe. A iniciativa foi acompanhada de uma carta a Trump, na qual o presidente venezuelano propunha diálogo direto para reduzir as tensões entre os dois países.

Entretanto, frente às crescentes tensões entre EUA e Venezuela, em 11 de setembro Maduro já havia anunciado o lançamento do Plano Soberania 200, uma estratégia militar que prevê a mobilização das Forças Armadas e de milícias bolivarianas em pontos estratégicos do país, com o objetivo de manter “as costas livres de imperialistas, invasores e grupos violentos”.

Em 16 de setembro Trump anunciou o terceiro ataque contra supostas embarcações de drogas da Venezuela, em meio a um reforço militar dos EUA no Sul do Caribe, que inclui sete navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35.