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Incertezas nas próximas etapas do plano de paz para Gaza

Na última semana Israel e o Hamas assinaram a primeira parte do acordo de paz que prevê um cessar-fogo indefinido e a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos. No entanto, este é apenas um primeiro passo para o fim da guerra. 

O Hamas informou à Agence France Presse (AFP) , por meio de declaração de Osama Hamdam, representante do movimento islamista palestino que governa Gaza desde 2007, que libertará os reféns ainda mantidos em Gaza na segunda-feira 13. O acordo de trégua entre Israel e o Hamas, que entrou em vigor na sexta-feira, inclui a troca dos últimos reféns, vivos e mortos, restantes em Gaza por quase 2.000 palestinos detidos em prisões israelenses, incluindo 250 detidos “por razões de segurança”.

Israel começará a libertar os palestinos detidos em prisões israelenses assim que o retorno de todos os reféns mantidos em Gaza for confirmado, segundo informou à imprensa a porta-voz do primeiro ministro israelense Benjamim Netanyahu, Shosh Bedrosian. O Ministério da Justiça israelense publicou na sexta-feira os nomes de 250 prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses e com previsão de libertação. A lista indica que 142 dos prisioneiros serão deportados. Os demais retornarão para a Cisjordânia ou para Jerusalém Oriental. Entretanto a lista não inclui figuras proeminentes requeridas pelo Hamas, entre os quais o líder Marwan Barghouti, preso desde 2002. 

Sobre a continuidade do plano de paz de 20 pontos proposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, em uma entrevista à AFP no Catar, Husam Badran, membro do comitê político do Hamas, advertiu que a segunda fase implica que as negociações sejam mais complexas e difíceis.

Entre os pontos mais importantes, dos quais depende o sucesso deste novo acordo e o fim da guerra, está a continuidade do cessar-fogo por ambas as partes. No mês passado, Israel tentou assassinar a equipe de negociação do Hamas com um ataque aéreo em Doha, o que enfureceu não apenas o Hamas, mas também Trump e o Catar, um mediador fundamental. Em janeiro, já havia sido acordado um cessar-fogo, mas Israel o quebrou em março e retomou a guerra com ataques aéreos devastadores. A justificativa dada por Netanyahu foi que o Hamas rejeitou as propostas israelenses nas negociações de cessar-fogo e, além disso, intensificou suas atividades para reagrupar suas forças.

Outro ponto que poderá ser um obstáculo diz respeito ao desarmamento do Hamas estabelecido como exigência no plano de Trump. O Hamas já se recusou anteriormente a depor as armas, afirmando que só o fará quando for estabelecido um Estado palestino. No último sábado, 11, um líder do grupo, em condição de anonimato, disse à AFP que “a proposta de entregar as armas está fora de discussão e não é negociável”.

O alcance da retirada militar de Israel é outro ponto controverso. Essa é uma das principais exigências do Hamas, que pede a retirada total das forças israelenses de Gaza. O plano estabelece que o exército israelense se retirará de Gaza “com base em padrões, marcos e prazos” que devem ser acordados por todas as partes.

Um mapa divulgado pela Casa Branca mostrou três etapas propostas para a retirada das tropas israelenses. A primeira etapa, que foi acordada na quinta-feira, deixa cerca de 53% de Gaza sob controle israelense; a segunda, 40%; e a última, 15%. Esta etapa final consistiria em um “perímetro de segurança” que “permaneceria até que Gaza estivesse devidamente protegida contra qualquer ressurgimento da ameaça terrorista”. Entretanto, a redação aqui é vaga e não oferece um prazo claro para a retirada total de Israel, algo que o Hamas provavelmente desejará esclarecer.

Por fim, outro ponto de tensões é quem governará Gaza. De acordo com o plano, o Hamas não terá nenhum papel no futuro em Gaza. A ideia é que Gaza seja governada por um órgão transitório temporário de tecnocratas palestinos, supervisionado por uma “Junta de Paz” liderada e presidida por Donald Trump e pelo ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair, que não apenas invadiu o Iraque ao lado dos EUA em 2003, mas ao mesmo tempo planejou uma guerra suja contra o Hamas que levou ao isolamento e bloqueio de Gaza e, finalmente, à crise atual.

A governança da Faixa seria transferida em algum momento não definido para a Autoridade Palestina (AP), que governa na Cisjordânia, e é, o governo rival do Hamas. Em um comunicado, o Hamas afirmou que “renova seu acordo de entregar a administração da Faixa de Gaza a um órgão palestino independente (de tecnocratas), com base no consenso nacional palestino e no apoio árabe e islâmico”.

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