DestaquesDeu na MídiaNotícias

Megaoperação no RJ: Brasil retratado na imprensa internacional como “mergulhado no caos” e “zona de guerra”

Fontes: EuroNews, NSC Total, UOL.

A megaoperação policial contra uma facção criminosa na Zona Norte do Rio de Janeiro repercute em diversos veículos da imprensa internacional nesta terça-feira (28). Considerada a mais letal da história do estado, a ação já provocou a morte de mais de 60 pessoas, entre elas 4 policiais, e a prisão de outras 81 pessoas. 

O jornal britânico The Guardian publicou uma matéria dizendo que o Rio está “em guerra” e vive “o pior dia de violência da história”, após mais de 60 pessoas terem sido mortas na megaoperação contra a organização criminosa. “A operação realizada antes do amanhecer provocou intensos tiroteios dentro e nos arredores das favelas do Alemão e da Penha, onde vivem cerca de 300 mil pessoas. Traficantes da facção criminosa começaram a atirar e incendiaram barricadas e carros enquanto policiais civis, militares e forças especiais avançavam”, diz a reportagem.

Em publicação no X a Nexta TV, um dos maiores veículos de imprensa do Leste Europeu, relata que o Brasil mergulhou no caos, com o Rio de Janeiro se transformando em uma zona de guerra. Em apenas uma hora, mais de 80 pessoas — incluindo civis — foram mortas em violentos confrontos entre forças de segurança e cartéis de drogas. Ruas na zona norte da cidade estão bloqueadas por barricadas e ônibus em chamas; carros estão em chamas e tiros ecoam pelos bairros. Cartéis que controlam até 70% do tráfico de drogas no Rio declararam um “lockdown” em resposta à Operação Contenção, que envolve 2.500 policiais. As autoridades relatam que mais de 80 militantes já foram presos. As gangues estão usando drones FPV carregando explosivos e bloqueando as saídas dos bairros.

Já o jornal Público, de Portugal, afirmou que criminosos utilizaram drones para lançar granadas contra as forças de segurança, além de bloquearem ruas para impedir o avanço dos policiais. “A Operação Contenção, da qual faz parte esta iniciativa, ‘visa combater a expansão territorial da facção e capturar líderes criminosos do Rio de Janeiro e de outros estados’, lê-se numa nota divulgada pelo governo estadual do Rio de Janeiro”.

A RFI, rádio francesa, informou que policiais fortemente armados realizaram incursões nas favelas da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio. A emissora aproveitou o caso para relembrar dados sobre a violência no Rio de Janeiro, ressaltando que as operações policiais são frequentes nas favelas e que o estado vive sob forte presença de facções do narcotráfico. “Operações policiais pesadas são comuns no Rio, principal polo turístico do Brasil, especialmente nas favelas, bairros pobres e densamente povoados, frequentemente dominados por traficantes de drogas”, diz a rádio, que ainda completou: “em 2024, aproximadamente 700 pessoas morreram durante operações policiais no Rio, ou quase duas por dia”.

O jornal El País, da Espanha, informou que o Rio de Janeiro sofreu com intensos tiroteios e que as autoridades mobilizaram cerca de 2.500 policiais na operação. O descomunal desdobramento policial foi respondido com intensos tiroteios pelos homens da facção criminosa, que chegaram a lançar granadas de drones sobre os agentes. O governador do estado do Rio, Cláudio Castro, queixou-se de que ‘o Rio está sozinho nesta guerra’, criticou a falta de apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e pediu ajuda às Forças Armadas”, diz a matéria. A reportagem ainda descreveu a Cidade Maravilhosa como “um cenário de caos colossal” e destacou que a operação teve como foco os complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte, áreas que abrigam quase 300 mil pessoas.

Em declaração ao UOL, o diretor do Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania do Rio de Janeiro), Pablo Nunes, afirmou que a megaoperação do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho não tem precedentes e é a “chacina” mais letal da história do estado. Maior chacina do estado do Rio de Janeiro, disse o cientista político que acompanha operações com uso da violência no Rio. “Algo completamente sem precedentes, sem nenhum tipo de justificativa, talvez a operação mais irresponsável da história do Rio de Janeiro e mostra a total falência desse governo do Estado na área de segurança pública.” Até o meio da tarde, a Polícia Civil confirmou ao menos 60 pessoas mortas, sendo quatro policiais.

“Megaoperação amplia a já longa lista de operações megaletais, que podemos até chamar de massacres”, diz Nunes. Para o cientista político, as imagens da operação repetem as ações vistas anteriormente. “Tem produzido os mesmos resultados. A pergunta a se fazer é porque continuamos usando as mesmas estratégias?”

Crime deve ser combatido com outras estratégias, defende diretor do Cesec. “Essas ações trazem cotidiano de medo e insegurança. Amanhã o Complexo do Alemão e da Penha vão estar mais seguros? Vai ter um cenário de recuada do CV? Não. Esses grupos vão se fortalecer para evitar novos confrontos.”

Mais cedo, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que o Rio “estava completamente sozinho nessa luta de hoje”. Ele admitiu ainda que o estado ultrapassou sua capacidade de combater o crime. “Estamos excedendo nossas competências, mas continuaremos excedendo na nossa missão de servir e proteger o nosso povo”, afirmou. Para Nunes, trata-se de uma “busca desesperada por uma marca política mais do que algo com substância”.

Assine nossa newsletter para receber notícias diárias!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *