Moraes pede à defesa de Bolsonaro para explicar uso de celular com Nikolas
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu 24 horas para a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) explicar o uso de celular pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante uma visita na semana passada, quando estava em prisão domiciliar.
O que aconteceu
O deputado foi flagrado utilizando um celular durante a visita a Bolsonaro na semana passada. As imagens foram capturadas pela TV Globo no dia em que o parlamentar visitou o ex-presidente.
O encontro teve autorização do STF. Na ocasião, Bolsonaro estava em prisão domiciliar e proibido de utilizar redes sociais e aparelhos de celular, ainda que por intermédio de outra pessoa. As imagens mostram os dois conversando, com o deputado segurando e digitando no aparelho celular.
Visita foi realizada na sexta-feira (21). Um dia após o encontro, o ex-presidente foi preso preventivamente devido à convocação de uma vigília em frente ao condomínio onde ele morava. Na véspera da vigília, Bolsonaro tentou violar a tornozeleira eletrônica usando um ferro de solda, o que também foi levado em conta para a sua prisão.
Diante do flagrante pela TV, Moraes cobrou explicação. “Intimem-se os advogados regularmente constituídos de Jair Messias Bolsonaro para que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, se manifestem acerca da entrada e utilização de celular na visita realizada por Nikolas Ferreira, apesar da expressa proibição judicial”, diz a decisão de Moraes desta tarde.
Deputada entrou com notícia-crime no STF. A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou a Moraes no domingo uma notícia-crime contra Nikolas. Em publicação, em sua rede social, Erika Hilton diz que Nikolas Ferreira teria instigado e auxiliado Jair Messias Bolsonaro em uma suposta tentativa de fuga. “A conduta descumpre ordem judicial e aponta para possível instigação ou auxílio ao plano de evasão”, diz a postagem.
Nikolas postou que não sabia da proibição e chamou a intimação de “teatro para intimidar”. Em sua rede social, Nikolas Ferreira se defendeu sobre o possível descumprimento da lei. Disse que a visita “ocorreu dentro da normalidade da minha atividade parlamentar”. “Meu celular estava comigo para uso pessoal e não foi usado para comunicação externa. Não recebi orientação sobre proibição do aparelho. As proibições dizem muito sobre o estado do país.”
Falou ainda que “criminosos usam celular na cadeia para comandar facções inteiras. “E ninguém da Suprema Corte dá 24 h pra explicar nada. Mas celular de visita agora vira caso de ‘gravidade institucional’. Não é justiça, é teatro pra intimidar. Patético.”
