O Presidente Lula se posicionou quanto a Venezuela
O presidente Lula posicionou-se nesta terça-feira, 4), como não poderia deixar de ser, contra uma invasão terrestre dos Estados Unidos à Venezuela.
“Problema político não se resolve com armas”, disse ele.
O Governo e particularmente Celso Amorim são responsáveis pela ousadia dos EUA em estar cercando por fora e fomentando por dentro a queda do Maduro e da revolução bolivariana, iniciada por Hugo Chávez, à medida que o Brasil entrou na fria (a pedido do Biden) de solicitar boletins de urnas das eleições internas de um país amigo e fronteiriço, depois piorou as relações quando impediu a Venezuela de entrar nos Bricas, contrariando, inclusive, a Rússia.
A zona de paz, que é a América do Sul, ficou trincada, e o Lula em certo descrédito na liderança do Brasil e na defesa do hemisfério.
A competência de sedução, com discurso de conciliação, de Lula é um trunfo inegável, mas, também, um fator que acaba funcionando a serviço de objetivos imperialistas, quando o princípio da soberania e da autodeterminação dos povos são rompidos.
A memória e a história são nossas aliadas. Não podemos esquecer que foram os Estados Unidos, por meio da CIA, que orquestrou e consumou o golpe no Chile, interrompendo um processo revolucionário pacífico, um socialismo dentro da democracia.
A Venezuela representa, também, um legítimo processo revolucionário, e o que está em jogo, como esteve e mantém com Cuba, é o medo do exemplo.
A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está considerando várias opções de ação militar na Venezuela, incluindo atacar as forças que protegem o presidente Nicolás Maduro e tomar campos de petróleo, informou o The New York Times na terça-feira.
Penso que o governo brasileiro, diante desta disputa geopolítica, está numa corda bamba.
Ele consegue, no palco global, realmente ter altivez e ser ouvido por todos, porém, quando está aqui, na sua área doméstica sul-americana, acaba afinando em relação à truculência do império estadunidense.
A liderança de Lula na defesa do hemisfério será medida não apenas por suas palavras no exterior, mas pela firmeza de suas ações em casa e pela capacidade de frear a mão invisível que, através de ameaças e sufocamentos, busca desestabilizar a Venezuela.
A visita de Stédile, coordenador do MST, à Venezuela, para prestar solidariedade e declarar inaceitável uma invasão, é um gesto importante, mas não basta.
O que o momento urge é que os movimentos sociais articulem uma forte e contundente manifestação contra esse imperialismo dentro do nosso próprio quintal.
Se invadiram um, pisarem num quintal, o próximo será um domínio de uma América de Sul sem bomba atômica.
É hora de botar o MST, um dos movimentos mais organizados e com capilaridade na maioria dos estados brasileiros, em marcha.
O Brasil não pode ser o sócio silencioso de um novo capítulo de intervencionismo nas terras sul-americanas.
