Reprodução: Hugo Motta, cara de sonso e o apetite de corrupto
Quando o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) assumiu a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2025, o país ouviu um discurso firme: combate aos excessos, rigor com os gastos públicos, moralização do Legislativo. Para quem acompanha sua trajetória, porém, a retórica soa como escárnio institucionalizado.
Criado politicamente em Patos, sertão da Paraíba, Hugo emergiu do seio de uma família que há décadas comanda a cidade como um feudo — acumulando mandatos, favorecimentos e, sobretudo, envolvimentos diretos em esquemas de corrupção e desvio de verbas públicas federais. A mais recente denúncia de funcionárias fantasmas em seu gabinete, remuneradas com dinheiro público enquanto atuavam em atividades paralelas, lança nova luz sobre a coerência entre o que Hugo diz e o que Hugo faz.
A genealogia do poder: corrupção como herança
A estrutura de poder que sustenta Hugo Motta é familiar, literal e politicamente. Seus principais apoiadores e articuladores são também seus parentes diretos — muitos dos quais já foram presos, afastados ou denunciados por envolvimento em fraudes com recursos da União.
➤ Ilanna Motta (mãe)
Presidente de honra do clã político. Foi presa preventivamente em 2016 durante a Operação Veiculação, que investigou o desvio de R$ 11 milhões do transporte escolar e programas federais como PNATE e Fundeb. Na ocasião, a Polícia Federal apontou sua influência direta nas licitações fraudulentas.
➤ Francisca “Chica” Motta (avó)
Ex-prefeita de Patos. Afastada do cargo na mesma operação. Era peça-chave no domínio político do município, com histórico de contratos públicos suspeitos e aparelhamento da máquina local.
➤ Renê Trigueiro Caroca (padrasto)
Preso na mesma operação, com papel apontado como operador financeiro de parte das fraudes. Atuava nos bastidores da gestão de Patos e era considerado braço logístico da estrutura.
➤ José William Segundo Madruga (ex-cunhado)
Ex-prefeito de Emas (PB), preso preventivamente. Segundo a PF, o esquema de Patos se ramificava por cidades vizinhas controladas por aliados do grupo familiar.
➤ Nabor Wanderley (pai)
Ex-prefeito de Patos e atual peça-chave no controle das verbas locais. Apontado como beneficiário direto de propina oriunda de obras com emendas parlamentares de Hugo. Em 2025, foi alvo da Operação Outside, que investiga fraudes em licitações financiadas com emendas do relator repassadas por Hugo Motta ao município.
O novo escândalo de Hugo Motta: fantasmas nomeados para seu gabinete
A nomeação de funcionárias fantasmas no gabinete de Hugo Motta foi revelada pela Folha de S.Paulo em julho de 2025. A apuração mostrou que pelo menos três mulheres recebiam salários como secretárias parlamentares sem desempenhar funções compatíveis com o cargo — ou sequer comparecerem à Câmara.
◼️ Gabriela Batista Pagidis
Fisioterapeuta em clínicas e academias de Brasília, foi nomeada por Hugo em 2017. Atuava em atividades privadas nos mesmos horários de expediente da Câmara. Recebeu mais de R$ 807 mil dos cofres públicos.
◼️ Louise Lacerda
Estudante de medicina em tempo integral em João Pessoa, permaneceu por meses nomeada no gabinete. Impossibilitada legalmente de exercer carga horária de 40h semanais, recebia salário integral.
◼️ Monique Magno
Servidora da Prefeitura de João Pessoa (30h/semana), ocupava simultaneamente cargo de secretária parlamentar na Câmara. A acumulação de cargos públicos sem autorização formal fere frontalmente a Constituição e o Estatuto do Servidor Público.
Contradições em série
A presença de fantasmas em gabinetes não é novidade em Brasília, mas torna-se ainda mais grave quando associada a um presidente da Câmara que prega moralidade. A prática se soma a um histórico de emendas suspeitas — como os R$ 5 milhões investigados pela PF em obras superfaturadas em Patos — e à blindagem familiar de uma cadeia de poder com ramificações judiciais.
A estrutura montada em torno de Hugo Motta não é apenas política. É patrimonialista, corporativa e blindada institucionalmente. O uso de cargos, verbas e emendas como moeda de controle já rendeu centenas de milhares de reais a protegidos seus, muitos dos quais ligados afetiva ou politicamente a ele.
Lista dos beneficiados e os valores recebidos com cargos fantasmas no gabinete de Hugo Motta
1. Gabriela Pagidis
• Vínculo com Hugo Motta: Aliada política próxima
• Cargo / Função: Secretária parlamentar (2017–2025)
• Valor recebido (estimado): R$ 807.500,00
2. Louise Lacerda
• Vínculo com Hugo Motta: Aliada / estudante protegida
• Cargo / Função: Secretária parlamentar (período indeterminado)
• Valor recebido (estimado): ~R$ 200.000,00
3. Monique Magno
• Vínculo com Hugo Motta: Aliada / servidora municipal
• Cargo / Função: Secretária parlamentar
• Valor recebido (estimado): ~R$ 100.000,00
Total estimado dos recursos públicos utilizados: R$ 1.107.500,00
Resumo da ópera
A figura de Hugo Motta sintetiza o velho Brasil travestido de renovação. Jovem, articulado e presente nas redes sociais, representa na verdade a continuidade de uma lógica perversa de uso da coisa pública como meio de manutenção de poder privado. Enquanto sua família acumula denúncias e escândalos, ele segue discursando em defesa do erário — tudo enquanto o dinheiro público sustenta fisioterapeutas fantasmas, estudantes ausentes e assistentes sociais duplicadas.
Se Brasília quer de fato moralidade, talvez o exemplo de Hugo Motta seja o primeiro a ser rejeitado — pela Justiça e, sobretudo, pelo povo.
(Fonte original: 082Notícias . O Canal Pororoca reconhece a autoria integral do site 082notícias do texto reproduzido.)