Tortura e Morte: Corpos amarrados e esfaqueados após megaoperação no Rio expõem política de extermínio nas favelas do Rio de Janeiro.
Fonte: DCM
Moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, relataram que corpos encontrados na mata da Serra da Misericórdia após a megaoperação policial estavam amarrados, com marcas de facadas e sinais de tortura. O Estadão presenciou ao menos um corpo decapitado, o que reforça as suspeitas de execuções durante a ação.
Segundo a Associação de Moradores da Penha, 72 corpos foram levados até a Praça São Lucas, onde familiares e voluntários organizaram uma fila para reconhecimento das vítimas. A contagem está sendo feita com apoio da OAB-RJ, e dez carros já seguiram para o Instituto Médico-Legal (IML) com os corpos. A cena foi descrita como de desespero e indignação, com parentes denunciando o excesso de violência policial.
De acordo com a Defensoria Pública do Rio, o número total de mortos após a megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) chega a 132 pessoas.
Uma moradora, parente de uma das vítimas, relatou que muitos corpos apresentavam “sinais de tortura”. “Tinha corpos sem cabeça, com marcas de faca. Não tinha necessidade de fazerem isso. Muita gente morreu. Eles só vêm para matar”, afirmou.
Um grupo de moradores voltou à mata para buscar e identificar mais vítimas, acreditando que ainda há corpos não localizados. Em meio ao luto, os moradores organizaram uma vigília improvisada, com faixas e gritos de protesto contra o governo estadual.
“Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui”, disse uma moradora chamada Jéssica, que responsabilizou diretamente o governador. “Você mandou para fazer essa chacina. Isso aqui não foi operação, isso foi chacina”, afirmou, sendo aplaudida por dezenas de pessoas.
Outros moradores também criticaram a violência e a desigualdade social que atinge as favelas. “Aqui tem trabalhador, tem guerreiro. Tem bandido, tem? Mas tem bandido melhor do que os de terno e gravata. Vocês matam com a caneta”, desabafou Jéssica, ecoando o sentimento de revolta generalizado entre os presentes.
Em coletiva, o governador Cláudio Castro manteve o discurso de que as únicas vítimas da operação foram os quatro policiais mortos, desconsiderando os relatos e denúncias de execuções. A Defensoria Pública do Rio confirmou que abriu investigação sobre possíveis violações de direitos humanos e cobrou que o Estado apresente os nomes e a identificação das vítimas que ainda aguardam perícia no IML.
