Pergunta a Campos Neto: como reduzir a miséria sem enfrentar a desigualdade que é a sua parideira? Por Francisco Celso Calmon
“As ideologias de esquerda têm uma obsessão com igualdade e não com a diminuição da pobreza” (Roberto Campos Neto),
Ora, ora, já sabíamos que o Bob Neto não entende de economia política, agora demonstra que nem de lógica formal e dialética, pois, como eliminar a desigualdade ou mesmo diminuí-la sem diminuir a pobreza?
Separar igualdade de redução da pobreza é um engodo grosseiro. Como reduzir a miséria sem enfrentar a desigualdade que é a sua parideira?
Vamos observar alguns salários-mínimos da América Latina:
Costa Rica: US$ 726
Uruguai: US$ 586
Chile: US$ 565
Brasil: US$ 273
Os três países com maiores salários são os que combinaram algumas políticas de redistribuição com redução da pobreza. Já o Brasil, sob a gestão de Campos Neto no BC (2019-2024), manteve juros pornográficos, e o Governo bolsonarista cortou gastos sociais, enquanto a concentração de renda batia recordes.
Campos Neto não é ingênuo. Ao dizer que “discurso de nós contra eles não faz o país crescer”, ele defende a conciliação com quem lucra com a injustiça tributária.
É a mesma lógica dos tecnocratas da ditadura: criminalizar a luta por igualdade como “ideologia”, e naturalizar o apartheid social.
Os representantes do capital podem se reinventar com rostos e pautas novas, mas, o desdenho que eles têm pela classe trabalhadora e pelo seu direito de ter condições materiais dignas é repugnante desde sempre:
Armínio Fraga economista e ex-presidente do BC: “Eu acho que precisa de uma reforma grande. Uma boa já seria, provavelmente a mais fácil, congelar o salário-mínimo em termos reais. Seis anos congelados já ajudaria”.
Paulo Guedes, Economista e ex-ministro da Economia: “Salário-mínimo não é mais referência. Vivemos a era da flexibilização. A pessoa pode escolher almoçar ou jantar”.
O fato é este: não há saída digna da pobreza sem distribuição de renda, terra e poder.