Palpite infeliz do companheiro Zé Dirceu
Existem regras e nem sempre os palpites contribuem.
Achei uma infelicidade do Zé Dirceu opinar sobre o tipo de prisão e sugerir a prisão domiciliar para o criminoso sentenciado Jair Messias Bolsonaro.
Para que e por quê?
Para início das considerações, as enfermidades do condenado ainda não foram avaliadas por peritos médicos da justiça, até o momento são boletins médicos particulares, e como tudo em torno do Bolsonaro cheira à fraude e encenação, temos que deixar a César o que é dele, ou seja: a determinação pela Justiça.
Vamos lembrar o show que ele fez, com tudo armado antecipadamente, quando a oficial de justiça foi entregar a sua intimação, além da sempre suspeita facada, cujo médico que o tratava, por sua escolha, era um oncologista.

Para um condenado enfermo, o lugar adequado não é a casa, mas um hospital.
E para isso há o Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro, aparelhado para presos militares doentes, estará muito bem apropriado para ele.
E ninguém pode alegar inadequação, já que se trata de um conceituado, para o bem e para o mal, hospital militar.
E digo com conhecimento de causa, pois quando prisioneiro político para lá fui levado e fiquei alguns meses, e de lá sai em condicional, mas doente.
Foi também no HCE que estiveram outros companheiros junto comigo e éramos reabilitados para voltarmos à tortura. Foi lá também que levaram o corpo do camarada Chael Charles, já morto, contudo, seus torturadores da PE da Vila Militar, queriam que o hospital declarasse que o recebeu vivo, porém essa cumplicidade foi negada.
No HCE tem todos os profissionais da saúde, inclusive psiquiatras, para o caso de surtar. Os xadrezes têm grades, e há também os quartos-prisão.
O encarceramento do genocida e golpista-terrorista será tão emblemático quanto foi o seu julgamento.
É com esse foco estratégico, porque histórico, que o local de seu encarceramento deve ser determinado pelo simbolismo que ficará para a sociedade atual e para as gerações futuras.
Pode ter sido a empolgação da próxima eleição, na qual o ZD vai brilhar e ser um dos mais votados deputado federal por São Paulo, reduto bolsonarista, e posteriormente fazer parte do governo Lula, que o levou, meu Deus do Céu, a esse palpite infeliz, porém, não como a música de Noel Rosas, porque Dirceu sabe o que diz.
É com visão estratégica que temos que combinar julgamento, sentença e encarceramento.
Pela primeira na história do Brasil estamos tendo a justiça de transição reversa, com a condenação de militares, a quebra da histórica impunidade, as FFAA recolhidas às suas funções precípuas, e os próximos passos serão o da reinterpretação da lei da anistia e o pedido de perdão à nação das Forças pela malfadada ditadura de 21 anos de terror.
Francisco Celso Calmon