O racismo estrutural que mata e silenicia
A estrutura racista do Estado brasileiro permanece viva e letal: enquanto a Polícia Militar de São Paulo mata majoritariamente pessoas negras, o deputado estadual do Paraná Renato Freitas (PT) denuncia racismo explícito e violência política. Dois casos recentes – um institucional, outro pessoal – evidenciam que o racismo estrutural continua a moldar quem vive e quem sobrevive no Brasil.
1. A letalidade policial contra pessoas negras no Brasil
“O número de pessoas pretas e pardas mortas pela Polícia Militar na cidade de São Paulo voltou a crescer em 2025. As informações são do Metrópoles, que analisou os dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP)
De acordo com o levantamento, 74 pessoas pretas e pardas foram mortas pela PM no primeiro semestre de 2025, o que representa 72,5% do total de 102 vítimas no período. A classificação é feita pelos próprios policiais no registro das ocorrências. Entre os mortos, 62 foram identificados como pardos e 12 como negros.” (fonte:Brasil 247)
O problema não se limita ao número de mortes: de acordo com o CNN, entre 2018 e 2024 nenhum policial da PM de São Paulo foi responsabilizado criminalmente por abordagens letais:
“Em 62% dos casos, as vítimas eram pessoas negras, conforme o estudo. A análise foi feita com base em documentos de 859 procedimentos criminais, como boletins de ocorrência, relatórios e laudos, pareceres do Ministério Público e decisões judiciais” (Fonte:CNN)
Esse padrão tem se intensificado, revelando que o aparato policial continua operando segundo uma lógica seletiva e racializada.
2. Renato Freitas sob ataque: quando denunciar poderosos custa caro
O caso de Renato Freitas precisa ser lido dentro desse cenário. O vídeo da briga em Curitiba mostra apenas o desfecho; não mostra, como relatou o deputado, o início do episódio, marcado por insultos racistas. À Agência Brasil, Freitas afirmou:
“O motivo foi o mesmo que me fez brigar na rua desde criança: racismo, humilhação, injúria, violência e agressão.” (Fonte:Agência Brasil)
Mas a agressão veio logo após um movimento político de alta exposição. Freitas havia feito uma denúncia pública contundente sobre um dos maiores esquemas de corrupção financeira do país.
Em vídeo publicado em suas redes, Freitas declarou:
“Daniel Vorcaro, golpista corrupto que lesou milhares de brasileiros com a ajuda de Ibaneis Rocha e Cláudio Castro, foi preso tentando fugir para a Europa depois de causar um prejuízo bilionário ao país.”
Após o episódio da briga, o PT emitiu uma nota:
“O deputado tem sido alvo constante do fascismo porque defende suas ideias com coragem, sustenta o projeto de igualdade no estado e se mantém fiel à defesa dos programas que melhoram a vida do povo trabalhador.” (Fonte: PT)
3. Conexão entre racismo estrutural e poder institucional
Os dois casos – a letalidade policial e o ataque a um parlamentar negro – pertencem à mesma arquitetura de poder.
- Quando o Estado mata majoritariamente pessoas negras, ele reafirma o valor desigual da vida no país.
- Quando uma liderança negra é punida e exposta após denunciar poderosos, ele reafirma quem pode falar e quem deve ser silenciado.
Esse duplo movimento – eliminação e perseguição – revela um padrão histórico. O racismo não é apenas um conjunto de atitudes individuais; é uma tecnologia de poder que organiza práticas estatais, distribui violência e regula legitimidade política.
O caso Renato Freitas é exemplar: conecta a violência racial cotidiana, a seletividade do sistema de justiça e a intolerância contra a presença negra na política institucional.
