Brasil e Índia avançam em acordos em tecnologia, defesa, aeronáutica e saúde.
No primeiro dia do Diálogo Empresarial Brasil–Índia, realizado nesta quinta-feira (16) em Nova Délhi, os dois países deram passos importantes para ampliar o comércio bilateral, que atualmente soma US$ 11,7 bilhões, e para estimular novos investimentos indianos no Brasil, que chegaram a US$ 2,9 bilhões em 2023. O encontro também marcou avanços na cooperação para a produção de etanol, uma das prioridades da agenda conjunta.
O evento ocorreu no contexto da visita oficial do vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e reuniu autoridades e empresários dos dois países.
Entre os principais avanços elencados pelo superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Frederico Lamego, está o compromisso de ampliar o Acordo de Preferências Tarifárias entre o Mercosul e a Índia, atualmente restrito a um número limitado de produtos.
“O objetivo é incluir novos setores e reduzir barreiras tarifárias, criando um ambiente mais favorável para o comércio bilateral. A medida é considerada estratégica por empresas brasileiras que enfrentam dificuldades de acesso ao mercado indiano em razão das altas tarifas atualmente praticadas”, disse.
Outro passo concreto de facilitação de negócios foi a implementação do visto eletrônico de negócios pela Embaixada do Brasil em Nova Délhi. De acordo com Lamego, que representa a CNI na missão à Índia, a medida reflete a reciprocidade ao sistema já adotado pela Índia e representa um avanço significativo para simplificar o trânsito de empresários e investidores entre os dois países, estimulando a realização de parcerias comerciais e tecnológicas.
Já no campo da transição energética, o superintendente destaca que Brasil e Índia reforçaram a intenção de ampliar a cooperação em fontes renováveis, com destaque para a produção de etanol.
Os dois países compartilham metas ambiciosas de descarbonização e já integram a Aliança Global para Biocombustíveis, lançada no G20. A parceria no setor de energia limpa é considerada uma das mais promissoras da agenda bilateral, com potencial para atrair investimentos e desenvolver novas tecnologias sustentáveis, ressalta.
Na área da saúde, foi assinada uma parceria entre a Fiocruz e uma empresa indiana, com a possibilidade de transferência de tecnologia de vacinas; e na área do petróleo, foi assinado um contrato da Petrobras para a exportação de mais de 6 milhões de barris à Índia.
Alckmin convidou a Índia a participar da disputa pelos blocos visando a exploração de petróleo em algumas das bacias brasileiras.
A missão brasileira reuniu representantes de 20 setores, incluindo agronegócio, tecnologia, energia e saúde.
Os temas discutidos durante o encontro empresarial também integram a agenda preparatória para a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia, prevista para fevereiro de 2026, quando será realizada a primeira reunião do recém-lançado Fórum Empresarial de Líderes Brasil–Índia.
O fórum é organizado pela CNI e sua contraparte indiana Federation of Indian Chambers of Commerce and Industry (FICCI).