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Diminuir os juros está nas mãos do governo.

Cabe ao BC em sua ortodoxia usar a SELIC para frear a economia, consumo e investimento reduzidos, para que a inflação convirja para o centro da meta, apesar dos prejuízos aos trabalhadores e aos pequenos e médios empresários.

Isso não vai mudar, o BC só conhece esse método, o resto é nariz de cera para enganar incautos e obedecer às expectativas do mercado para alimentar o capital financeiro, rentista, e endividar o governo.

O Banco Central foi uma criação no primeiro ano da ditadura militar, dezembro de 1964, seguindo à risca os ditames do capital financeiro internacional, para amarrar o país ao controle do sistema.

Essa é a raiz do Banco, que na atualidade querem ampliar, transformando-o num poder autônomo, um “estado paralelo” ao Estado democrático, completamente à parte da soberania popular.

A PEC 65 é um minucioso golpe branco dentro da institucionalidade. Seu núcleo é a transformação do Banco Central de autarquia federal em empresa pública, uma entidade com autonomia orçamentária, financeira e patrimonial absoluta, livre do controle do Orçamento Geral da União.

Projetos como a PEC 65 vão nesta direção, consolidando um poder incontrolável, um poder MARGINAL AO ESTADO DE DIREITO atual, inatingível, entregue numa bandeja dourada aos interesses do mercado, tornando-o numa trincheira do capital financeiro.

O BC está rigorosamente fazendo a sua parte. Então, o que está errado? Seria a meta inflacionária?

De acordo com o site do governo: “No Brasil, o sistema de metas de inflação é adotado desde 1999. A meta, inicialmente fixada em 8% ao ano, foi sendo gradualmente reduzida até 2002, voltou a subir em 2003 e 2004, e permaneceu estável em 4,5% de 2005 a 2018. Em seguida, voltou a cair 0,25 ponto percentual a cada ano até o patamar de 3,00% em 2024. Para 2025 e 2026, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter a meta de inflação anual em 3,00%.”

Será que o mundo permanece igual desde então? A realidade econômica nacional é a mesma?

Não e não!

O mundo mudou, a economia nacional não é a mesma, o sistema internacional está em transe e em transição, porém, a meta segue estacionada.

Quais são os critérios reais para esse número fixo, de 3%? Quem se beneficia dessa camisa de força?

Quem estabelece a meta da inflação? É o governo através do Conselho Monetário Nacional. E no CMN são três que decidem, dois do governo (ministros da Fazenda e do Planejamento) e um do BC (o Presidente), na base do consenso e sem transparência, sem publicidade.  A ata deste Conselho deveria vir a público.

O Conselho Monetário Nacional, nesse cenário, no mínimo é cúmplice desses juros indecentes.

A cada nova reunião do Copom, uma justificativa eufemística para manter os juros reais no primeiro ou segundo lugar entre todas as nações.

É uma ciranda que não se sustenta, vai acabar por exaustão, por inação, não por uma decisão soberana que priorize o crescimento do país e o enfrentamento à asfixia imperialista, que nos cerca por fora e nos mina por dentro, desde o início deste governo.

Vejam: está claro que Galípolo é homem do mercado, de lá veio e para lá irá voltar. Está em apoio e articulação da PEC 65.

Não é só um operador, é um quadro formulador do mercado, professa a mesma ideologia.

Aquele carnaval todo em cima do Roberto Campos Neto era cena, pois, está mais do que evidenciado, pelos atos e palavras, Bob Neto e Galípolo são irmãos siameses de concepção e fé no mercado.

“Tem sido desafiador ter um processo de desinflação com o mercado de trabalho aquecido, especialmente em mercados emergentes como o Brasil”, afirmou Campos Neto.

“É estranhíssimo, mas o Banco Central é esse sujeito que fica preocupado quando você fala que o emprego está crescendo muito rápido, que a atividade econômica está crescendo muito rápido e que estamos em pleno emprego”, disse o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Lembrar do que dizia Brizola: se a Globo está apoiando, então. fique do outro lado.

Taxa SELIC, juros, não é uma questão meramente institucional, é social, portanto, a sociedade organizado deve DISCUTIR, OPINAR E SE POSICIONAR.

Nas fábricas, nas escolas, nos movimentos, colocar na ordem do dia essa questão, contribui na formação político-ideológica.

Francisco Celso Calmon

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Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, Analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia, 60 anos do golpe: gerações em luta, Memórias e fantasias de um combatente; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

Um comentário sobre “Diminuir os juros está nas mãos do governo.

  • Excelente artigo. Concordo plenamente. Será que os juros vão aumentar ou cair nesta crise?

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