(Fonte: Brasil de Fato. O Canal Pororoca reconhece a autoria integral do autor sobre o texto abaixo)

Dois grupos de manifestantes se reuniram neste sábado (22) em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal de Brasília. De um lado, apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebraram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, do outro, bolsonaristas criticaram a decisão de prender preventivamente o ex-mandatário em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que cita risco de fuga.

O movimento na sede da PF começou cedo, logo após as 6h, quando o ex-presidente foi transferido da prisão domiciliar. Repórteres, manifestantes e curiosos chegaram ao local para registrar a entrada e saída de veículos desde o começo da manhã. O grupo que defendia a prisão de Bolsonaro entoou gritos de ordem e canções como Vou Festejar, de Beth Carvalho, e Tá na Hora do Jair Já Ir Embora, de Juliano Maderada e Tiago Doidão. 

A jornalista aposentada Cirlene Leite acordou por volta das 7h neste sábado. Ela disse que a primeira coisa que viu foi a notícia da prisão de Bolsonaro. Ligou o som alto com músicas para que “os vizinhos pudessem ouvir” e foi direto para a sede da PF na capital, logo depois de tomar o café da manhã. Para ela, este é um “momento histórico”, que deve inflar ainda mais a tensão política no país. 

“Eu não esperava, estava me resguardando para que isso acontecesse na próxima semana. Fui pega de surpresa e depois vim para cá para comemorar esse momento. Acho que isso vai até ampliar a pressão, porque esse clima nunca foi amenizado, nem de um lado e nem do outro. E tem que ser assim mesmo, já que estamos em disputa”, afirmou ao Brasil de Fato.

Os manifestantes entendem que a Polícia Federal se antecipou de maneira importante, já que o ex-presidente poderia tentar fugir do país. Essa foi uma das explicações usadas pela corporação para pedir a transferência de Bolsonaro da prisão domiciliar para a sede da PF. 

A advogada Verini Veiga está em Brasília a passeio. Ela chegou na última quarta-feira (19) e, com a notícia da prisão de Bolsonaro, decidiu vir à sede da Polícia Federal para demonstrar seu apoio à prisão do ex-presidente. De acordo com ela, esse movimento enfraquece a extrema direita em um momento importante para o Brasil evitar uma nova tentativa de golpe de Estado. 

“Hoje é um momento histórico para o povo brasileiro, é a nossa alma lavada. Especialmente depois da pandemia, que ele debochou tanto das pessoas morrendo. Vimos um Brasil sem governo, rebaixado. E agora ele ficou bajulando o Donald Trump, mas o presidente dos EUA não está nem aí. Essa prisão é importante porque enfraqueceu o Bolsonaro, e a chance de um novo 8 de janeiro é menor ainda”, avalia. 

A sede da PF fica em uma avenida que faz a ligação entre algumas cidades satélites e o plano piloto. Por conta da localização, o trânsito na região ficou carregado, já que muitos curiosos passavam pela frente da corporação e paravam para registrar a movimentação.

A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) foi até o local e conversou com jornalistas. Ela disse que estava muito triste e que era preciso demonstrar apoio ao ex-presidente. Ainda de acordo com a parlamentar, Bolsonaro é inocente e não cometeu “nenhum crime”, mesmo diante das provas que o condenou por tentativa de golpe de Estado.

Por volta da 14h, os manifestantes dos dois lados já haviam dispersado. No local, permaneceram apenas jornalistas e 10 viaturas da Polícia Militar.

Atendimento médico em tempo integral

A defesa de Bolsonaro pediu que ele fosse mantido em prisão domiciliar por “problemas de saúde”. Os advogados chegaram a mencionar “risco à vida” no pedido. Eles alegam que o ex-presidente tem complicações cardiológicas, pulmonares, gastrointestinais, neurológicas e oncológicas, já que ele foi diagnosticado com câncer de pele. 

Durante a prisão na PF, Bolsonaro terá atendimento médico em tempo integral, conforme determinou o ministro Alexandre de Moraes. Neste sábado, a médica Marina Grazziotin esteve no local para prestar atendimento ao ex-presidente. Ela não falou com imprensa.

Bolsonaro passará por uma audiência de custódia neste domingo, marcada para às 12h