Oposição vê indicação de Rubio como recado político enquanto governo brasileiro não considera um obstáculo à aproximação
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Antonio Rubio foi escolhido pelo presidente Donald Trump como o responsável por conduzir as negociações com autoridades brasileiras sobre o tarifaço. Seu principal interlocutor no Brasil será o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Rubio chefia a diplomacia norte-americana, cargo equivalente ao de ministro das Relações Exteriores no Brasil. Ex-senador pela Flórida pelo Partido Republicano, é filho de imigrantes cubanos e conhecido por sua atitude crítica em relação à China e Irã e também por ter opiniões negativas a respeito de Venezuela, Cuba e todos os governos de esquerda da América Latina.
Rubio é crítico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após a eleição de 2022, publicou um artigo em que reprovou a aproximação de Lula com a China e com o líder venezuelano Nicolás Maduro. Nos últimos meses, Rubio fez declarações e anunciou medidas contra autoridades brasileiras.
Rubio se aproximou da família Bolsonaro em 2018, por meio do deputado Eduardo Bolsonaro. Após Jair Bolsonaro assumir a Presidência, Rubio passou a receber Eduardo e outros aliados em viagens aos Estados Unidos. Nos últimos meses, o secretário foi o principal interlocutor de Eduardo no governo norte-americano.
A oposição avalia a indicação de Rubio como um recado político de Trump. Segundo o deputado Eduardo Bolsonaro, a indicação do secretário para negociar com o governo Lula “ajuda” o Brasil, mas que a esquerda brasileira sabe “que não foi uma vitória”.
O governo Lula entendeu como natural a indicação do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, como interlocutor designado por Donald Trump para negociar a revisão do tarifaço e das sanções contra autoridades brasileiras. Além disso, o governo brasileiro considera que o trabalho de Rubio será coordenar as negociações, o que não elimina que o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mantenham conversas com seus pares na hierarquia americana: o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o secretário do Tesouro, Scott Bessant.
Para integrantes do governo brasileiro, o fato de a ala mais radical da Casa Branca ter silenciado desde o discurso de Donald Trump no dia 23 na ONU, e também da suspensão das sanções contra autoridades brasileiras, é o melhor sinal de que o próprio presidente americano reviu sua estratégia com o Brasil, cabendo a Rubio coordenar as negociações para um acordo entre os dois países.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta segunda feira, 6, que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, negocie com governo brasileiro “sem preconceito”. Segundo ele, há um “desconhecimento” da administração do presidente Donald Trump sobre o Brasil.