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Milhares de mulheres negras ocupam Brasília nesta terça (25) por reparação e bem viver

(Fonte: Brasil de Fato.)

Dez anos após a histórica Marcha Nacional das Mulheres Negras, onde 100 mil mulheres ocuparam a capital do país, Brasília se prepara para receber novamente, nesta terça-feira (25), a segunda edição da mobilização que deve reunir, de acordo com a organização, um milhão de mulheres. Por Reparação e Bem Viver, mulheres negras de todas as regiões do Brasil e demais de 40 países marcham para reafirmar o protagonismo das mulheres negras na construção de um projeto de sociedade baseado na dignidade, na equidade e na justiça social.

A concentração para a Marcha inicia às 8h no Museu Nacional da República, às 9h ocorre uma Sessão Solene no Congresso Nacional, em homenagem à Marcha e ao papel decisivo das mulheres negras na democracia brasileira com a participação de parlamentares como Benedita da Silva, Talíria Petrone e Célia Xakriabá, além de lideranças de movimentos negros.

A cerimônia de abertura da Marcha e leitura do manifesto da mobilização está previsto para 9h30 no Museu Nacional. A saída da Marcha será às 11h e percorrerá a Esplanada dos Ministérios com retorno ao museu. “Vamos marchar por reparação, contra o racismo, contra a violência e por um outro modelo de sociedade, por um Estado democrático de fato”, destaca Valdecir Nascimento, fundadora do Odara, que também compõe a coordenação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste.

A Marcha será dividida em quatro trios elétricos, o primeiro representará as mulheres do Centro-Oeste e Sul, seguido por Nordeste e Comitê Global, Sudeste e o último trio com mulheres negras da região amazônica.

A partir das 15h serão realizadas atividades culturais e coletivas. Na área externa do Museu Nacional, está montada a Feira das Ganhadeiras que mobiliza afroempreendedoras de todas as regiões do país. Os shows gratuitos contam com a presença de artistas como Larissa Luz, que interpreta o jingle oficial Mete marcha negona, rumo ao infinito, Luana Hansen, Célia Sampaio e Núbia, Prethaís e Ebony. A programação segue até às 21h30, com espaço sujeito à lotação.

Audiência no STF

Representantes da Marcha também serão recebidas nesta terça-feira, às 19h30, em audiência pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin. De acordo com a organização, a comitiva levará ao STF a urgência de enfrentar a política de segurança pública no Brasil, especialmente após a recente chacina na Penha, no Rio de Janeiro.

Pautas

De acordo com Terlúcia Silva, membro do Comitê Nacional da Marcha das Mulheres Negras, a marcha nacional tem um caráter simbólico e estratégico, sobretudo para a organização política das mulheres negras. “O dia 25 de novembro é a culminância de um processo intenso de mobilização desde 2023”, afirma.

Para as organizadoras, o conceito de Bem Viver representa uma mudança profunda nas estruturas sociais, econômicas e ambientais do país, em cumplicidade com a natureza, com as comunidades tradicionais e com toda a diversidade que compõe a nação brasileira.

Reparação Histórica está entre os eixos centrais da mobilização. A reivindicação não se limita a reconhecimento simbólico, mas busca políticas públicas concretas que revertam os efeitos estruturais do racismo e do sexismo que moldaram e ainda moldam a sociedade.

“Estamos dizendo ao Estado brasileiro que fomos historicamente negligenciadas e que precisamos de respostas concretas para ter acesso a direitos e a uma vida digna”, ressalta Silva.

A pauta também inclui também a regularização dos territórios quilombolas, o fortalecimento das comunidades rurais e a ampliação das condições de participação política das mulheres negras, que ainda enfrentam forte sub-representação em espaços de decisão. A Marcha também exige o enfrentamento efetivo ao machismo, à violência doméstica e ao racismo institucional, que seguem impactando de forma desproporcional a vida de meninas e mulheres negras em todo o Brasil.

Marcha das Mulheres Negras

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver é construída por mulheres negras de todo o Brasil de diferentes gerações, territórios e contextos sociais, além de mulheres afrodescendentes de mais de 40 países. E resgata a força histórica da mobilização de 2015 e atualiza sua agenda a partir dos desafios contemporâneos. Em 25 de novembro de 2025, mulheres negras de todo o mundo ocupam Brasília para reafirmar a luta por reparação histórica, democracia e Bem Viver.

Programação

8h – Concentração das mulheres na área externa do Museu Nacional

9h – Sessão Solene em homenagem à Marcha na Câmara dos Deputados (Congresso Nacional)

9h30 – Cerimônia de Abertura no Museu Nacional

11h – Saída da Marcha

15h às 19h – Programação cultural, shows e atividades coletivas

19h30 – Audiência de representantes da Marcha com o presidente do STF, ministro Edson Fachin

A programação completa da Marcha Nacional está disponível no site do evento.

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