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Os mandachuvas do baronato Legislativo

Motta e Alcolumbre estão abusando das cadeiras presidenciais do Congresso para travar uma batalha clandestina com o governo Lula e preparar seus próprios terrenos em um cenário de um presidente de direita voltar ao Executivo, ou se emponderar o máximo nesta legislatura como anteparo a um Congresso menos fascista e um Executivo mais progressista.

Estes senhores atuam como verdadeiros barões de um feudo legislativo, convertendo a Casa do Povo em uma extensão de seus domínios privados.

A recente ruptura com o governo não é acidental, é preparatória das eleições que se avizinham.

Alcolumbre, que em 2019 chegou à presidência do Senado com apoio maciço da direita bolsonarista, nunca abandonou seu projeto de poder. Sua suposta “decepção” com a indicação de Jorge Messias ao STF e as tentativas escancaradas de prejudicar o processo de votação e pressionar os senadores, mostra como ele rejeita qualquer nome que não seja de seu controle; quer ter sua digital até em indicações exclusivas do Presidente da República.

Pacheco não será indicado, assim como não aceitou a sugestão do Lula de ser o indicado ao governo da Minas Gerais.

Rejeitar o nome de Messias será uma declaração de guerra institucional.

Enquanto isso, na Câmara, quando Hugo Motta deixou nas mãos do deputado Guilherme Derrite, assassino assumido, indicado para tal tarefa pelo governador Tarcísio de Freitas, como relator do projeto Antifacção, foi uma declaração clara de que Motta, independente da importância e complexidade da pauta, estará a serviço da agenda desta direita maléfica.

Consequência: retalharam o projeto do governo e o transformaram em projeto de proteção ao crime organizado.

O governo Lula não pode contar com a suposta lealdade de nenhum dos dois, não são pessoas de honrar compromissos.

Alcolumbre e Motta construíram o que chamam de “centrão ampliado”, uma aliança que agrega desde o PT até o PL, porém, na prática serve a um projeto de poder da direita tradicional. Eles não são agentes neutros, e agora fazem questão de mostrar isso.

Seus históricos atestam isso.

Alcolumbre, alvo de múltiplas investigações (de rachadinha a repasses suspeitos de R$ 3 milhões a seu assessor no caso INSS), sabe que a sua sobrevivência política depende de alianças com setores que não questionam seu estilo autocrático de comando e que cometem crimes de desvio tão graves quanto ele.

Motta, herdeiro de uma dinastia política que domina Patos (PB) há mais de um século, entende que o poder se mantém com gestos como os R$ 4,8 milhões em emendas “pix” direcionados à prefeitura de seu pai.

O exemplo mais grosseiro desse modus operandi é o recente ataque à pauta ambiental, com a articulação para enfraquecer a legislação e permitir o avanço do desmatamento.

Sob o comando desse ‘baronato’, o Congresso virou palco para institucionalizar a devastação.

Alcolumbre e Motta não defendem “princípios institucionais”. Protegem seus espaços de influência. E o fazem sabendo que, em 2026, precisarão do apoio da mesma base bolsonarista que os levou ao poder.

São arautos do ilegítimo semipresidencialismo de coalizão.

O teatro da conciliação caiu.

Enquanto Lula busca governar, os mandachuvas lhe dão rasteiras e tomam as rédeas em prejuízo da sociedade.

Francisco Celso Calmon

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Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, Analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia, 60 anos do golpe: gerações em luta, Memórias e fantasias de um combatente; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

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